O gesseiro Alexandre dos Santos Gomes condenado a 6 anos de prisão pela morte de Hélio Cortez, pai da jornalista Karoline Marques, concedeu entrevista exclusiva, na manhã desta quinta-feira (28), na sede do Portal GP1. Ele esteve acompanhado do seu advogado Ray Shandy Campelo Lopes.
Hélio foi morto em novembro de 2014, durante uma briga após desentendimento com Alexandre em um bar, na zona norte de Teresina.
Alexandre afirmou que não é bandido: “Querem mostrar para a sociedade que eu sou um homem de alta periculosidade, que eu sou um bandido e eu não sou. Sou um pai de família, sou casado, tenho filhos, aconteceu esse fato na minha vida, um fato isolado, não era para ter chegado nesse ponto. Nós tivemos uma briga, tenho minha vida, e ela acabou daquele momento para frente”, afirmou.
- Foto: Lucas Dias/GP1Alexandre e seu Advogado
O crime
O gesseiro contou sua versão do fato: “Com seu Hélio Cortez eu não tinha nenhuma amizade. Ele andava com um colega meu que era amigo dele. Eles estavam em um bar e eu cheguei. Lá começamos a beber, os três e mais duas mulheres e mais outra pessoa. E lá ele questionou sobre o pagamento das bebidas e gerou todo o atrito, foi quando começaram a me xingar, então, eu saí de lá e fui para perto da minha casa, em outro bar. Eu estava bebendo com minha companheira e chegou o meu amigo com o Hélio, eles sentaram na minha mesa. E o Hélio começou a me ofender e nisso já tínhamos ingerindo bebida alcoólica, começamos uma discussão, uma briga que culminou com o fato que é o homicídio”, relatou.
“Tivemos uma briga corporal, ele me lesionou com uma garrafa, que eu me lembre ele quebrou a garrafa e eu derrubei uma mesa por cima dele, comentam que eu usei uma garrafa. As testemunhas falam que eu tinha me armado, mas eu não lembro. O laudo [do IML] diz que ele teve uma lesão na cabeça em decorrer da queda, nós dois caímos”, completou.
Segundo Alexandre, ele soube da morte de Hélio já no dia seguinte: “Na hora eu saí ferido para o hospital, nunca imaginei que ele chegaria a óbito, soube já no outro dia pela manhã”.
Ele também negou que tenha fugido: “Eu estava na casa de meu pai, divulgaram que Hélio era policial, meu pai soube e pegou um carro e foi me deixar em Santa Rita, no Maranhão e passei quatro dias lá. Meu advogado na época ligou me chamando para eu dar meu depoimento, eu vinha de lá para cá e a polícia me pegou dentro de um ônibus vindo para Teresina, em São Mateus, também no Maranhão. Eu não estava fugindo, estava vindo falar com o delegado, disseram que eu estava em fuga. Prestei esclarecimentos para o delegado Zanatta”, explicou.
- Foto: Lucas Dias/GP1Alexandre dos Santos Gomes
Recurso
O Ministério Público do Estado do Piauí não se conformou com a pena aplicada e ingressou com recurso contra a condenação. O objetivo é anular o júri para que haja um novo julgamento.
O recurso será julgado pelo Tribunal de Justiça do Estado e o relator do processo é o desembargador Edivaldo Moura.
Sobre o julgamento do recurso, Alexandre acredita que a sentença não será reformada: “Eu acredito na Justiça e acredito que a sentença não será anulada porque as provas foram mostradas concretamente e eu acho que o desembargador vai permanecer com a minha sentença. Eu acredito que a Justiça será feita e que ele não vai se deixar levar pela influência da mídia”, declarou.
Prisão e regime semiaberto
Alexandre contou como foram seus 2 anos e 8 meses na cadeia. Ele chegou a ficar preso na Casa de Custodia de Teresina e na Penitenciária Major César Oliveira.
“Passei 2 anos e 8 meses na Casa de Custódia, no regime fechado, e na Major César passei cerca de 30 dias no semiaberto. Fui para a Major César em junho. Eu permanecia durante o dia trabalhando e a noite me recolhia na Major César. Trabalhava na área de administração, ajudando na cozinha, no refeitório, na limpeza”, disse.
Ele falou das medidas que devem ser cumpridas por ele: “Cumpro horários, não posso andar em locais movimentados, bares, de 6h às 22h tenho que estar em casa, em feriados e finais de semana também tenho que permanecer em casa e isso tudo eu estou cumprindo, estou fazendo cursos profissionalizantes fornecidos pelo sistema da Vara de Execuções Penais. Faço parte do Projeto Reeducando, me enquadrei nesse padrão, foi a maneira de ter uma oportunidade. Trabalho na área da construção civil”.
Futuro
- Foto: Lucas Dias/GP1Alexandre foi condenado pela morte de Hélio Cortez
“Estou retomando minha vida e querem denegrir a minha imagem, como eu vou seguir em frente na minha vida? Dizem que eu ando armado,e eu nunca coloquei uma arma na minha cintura, foi um fato que poderia ter acontecido com qualquer um. Poderia ter sido eu que tivesse morrido”.
Alexandre falou ainda dos seus objetivos para o futuro: “Minhas perspectivas são as melhores, penso em cursar um curso superior, mas para isso preciso de oportunidades. Vivo com minha mãe, com minha esposa, quem me conhece não questiona, falo para as outras pessoas que nunca me viram”.
“Não queria estar me expondo, mas estou sendo obrigado. Em responder a sociedade para não me verem com maus olhos”, finalizou.
Sentença
Familiares, amigos e o Ministério Público contestam a sentença dada a Alexandre e sua soltura. Eles defendem que o gesseiro seja condenado por homicídio qualificado, quando há intenção de matar.
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