O senador e pré-candidato à reeleição Ciro Nogueira Filho (Progressistas) concedeu entrevista exclusiva ao GP1, na manhã desta terça-feira (24). Na oportunidade, ele fez uma análise geral do atual contexto político e falou sobre temas, como a escolha da senadora Regina Sousa para ocupar a vaga de vice, a entrada do deputado federal Marcelo Castro (MDB) na disputa por uma das duas vagas disponíveis para o Senado este ano.
Ciro também desmentiu comentários de que poderia se retirar da concorrência para senador e buscar espaço na Câmara Federal. Ele disse ainda que a atual vice-governadora, Margarete Coelho, que é Progressistas, era o melhor nome para continuar no cargo e compor com o governador Wellington Dias (PT-PI) nestas eleições. Análise semelhante, Nogueira também fez sobre Marcelo e assegurou que o emedebista é mais competitivo que Regina na disputa pelo cargo de senador.
- Foto: Brunno Suênio/GP1Senador Ciro Nogueira
GP1: O governador Wellington Dias acertou na escolha dos nomes que estarão na chapa majoritária?
Ciro Nogueira: Há 30 dias atrás nós anunciamos que ficaríamos fora da disputa pela vice porque era uma situação que me constrangia, não vou mentir, vocês mesmo só chegavam para me perguntar sobre isso. Eu louco para falar do que eu estava trazendo para o Piauí, as obras, do que eu queria fazer, demonstrar tudo que eu fiz, mas chama muito atenção essa história da vice. Eu só desejo que o governador escolha uma chapa competitiva, escolha os melhores quadros que possam ajudá-lo no projeto de administrar bem o Estado. Nosso partido não está mais nessa disputa, então, espero que eles entrem em consenso e que a gente vire essa página e vá para uma grande vitória nas eleições, só desejo isso.
GP1: O governador Wellington Dias acertou ao escolher Regina Sousa para vice?
Ciro Nogueira: Eu sempre defendi, quando começou essa discussão do Wellington sobre vice, eu disse: ‘Wellington porque não anunciar que vai ficar até o final do seu mandato? Acaba com essa história de disputa de vice, conclua seu mandato, Deus está lhe dando a oportunidade de governar o estado por quatro vezes, uma marca que ninguém nunca conseguiu’.
Eu estou concluindo meu mandato como senador, poderia concorrer como governador, muita gente até me cobrou isso. Eu não fui, acho que mandato é para ser concluído. Eu defendo que as pessoas sejam eleitas e concluam seus mandatos. Por que eu defendi que o Firmino ficasse até o final do mandato como prefeito? Porque estávamos fazendo uma grande gestão. Uma parceria que eu não sei se ele saísse, seria mantida.
A senadora Regina foi uma escolha do governador. É uma situação que eu só vou me posicionar no dia que ele escolher, fica muito difícil você falar antes dele anunciar. Ele tem a minha confiança para fazer essa escolha. Quem ele escolher, nós vamos apoiar.
GP1: O deputado Themístocles Filho levou mesmo uma rasteira do governador Wellington Dias?
Ciro Nogueira: Eu não vou entrar nesse mérito, uma discussão que eu quero que os Progressistas fiquem fora. Eu não sei quais as tratativas que o Wellington tinha com o Themístocles, é uma coisa que só os dois podem esclarecer. Fiquei aliviado de ficar fora dessa discussão, quero me dedicar mais a trabalhar pelo Piauí, que é melhor.
GP1: Incomodou o Progressistas o fato de o PT ficar com duas vagas na chapa majoritária?
Ciro Nogueira: A gente ficou fora dessa discussão, nós tínhamos a melhor candidata. A Margarete era a melhor candidata a vice. Mas tivemos a grandeza de sair dessa discussão, ela já vai ser uma grande deputada federal do Estado, um grande nome. Então o governador tem a nossa confiança para fazer a melhor escolha.
- Foto: Brunno Suênio/GP1Ciro Nogueira recebeu o GP1 para entrevista em sua residência
GP1: Marcelo Castro como candidato a senador prejudica sua reeleição?
Ciro Nogueira: O Marcelo é uma figura muito correta, vou dizer que a escolha do Marcelo deu mais competitividade para a chapa. O Marcelo seria mais competitivo que a Regina, isso aí é uma unanimidade. Eu quero ganhar a chapa completa, então o que que eu acho? Acho que tem que ser a chapa mais competitiva. A Regina é uma pessoa respeitada, correta, tem toda a minha admiração, tenho divergências de pensamento com ela, isso aí é claro, mas eu tenho mais identidade com Marcelo.
Acho que para a eleição do Marcelo, é muito mais fundamental ele conquistar os progressistas do que o PT, que já tem uma identidade com ele. Acho que se tiver lealdade, tiver compromisso das lideranças, a base vai acompanhar. Do mesmo jeito que tem problema na militância do PT com o Ciro, tem problema da militância do Progressista com o Wellington e também com Marcelo. Se houver lealdade, seriedade e compromisso com o projeto, eu não vejo a menor dificuldade de nós marcharmos juntos. Eu costumo pensar assim: são duas vagas, será se o militante do PT vai votar no Wilson Martins? No Robert Rios? Na pessoa que está contra o Wellington, contra o projeto? Acho difícil. O natural é nós estarmos todos juntos. Marcharmos no mesmo projeto e ter uma grande vitória.
GP1: O senhor poderia desistir da reeleição para se lançar a Câmara Federal se não tiver bom desempenho nas pesquisas?
Ciro Nogueira: Isso nunca foi discutido. Não tem sentido isso, eu estou cumprindo um papel importante para o meu Estado. Eu sou a maior liderança do nosso partido. Quando fui candidato tinha 4% nas pesquisas na Convenção. Tenho hoje cinco vezes isso. Se tem um candidato que está crescendo em pesquisa sou eu. Qual o outro que está crescendo? Todos candidatos estão caindo, não tem ninguém crescendo.
Eu tenho uma base de apoio de praticamente todos os prefeitos. Todas as lideranças praticamente vão me apoiar. Tem o governador que tem perto de 50% dos votos e me apoiando. É uma eleição ganha? Não, não é, porque tem que respeitar a vontade do povo, mas não existe ninguém tão focado no Estado como eu.
GP1: Como analisa os nomes que devem concorrer ao Senado?
Ciro Nogueira: Eu tenho todo respeito, o Wilson tem a sua história como governador. Vai ser avaliado, ele perdeu uma eleição lá atrás para o Elmano, agora está colocando novamente o nome dele. O Robert é uma figura humana, meu amigo pessoal, eu falo com Robert praticamente todo dia. Às vezes não sobre política, o Robert é meu amigo pessoal.
O pai dele era um dos melhores amigos do meu pai, a gente herdou essa amizade, tanto que às vezes quando o Robert me ataca eu nem respondo porque é meu amigo e sei que ele está falando só da boca pra fora. O Marcelo vai ser um grande companheiro se vier a ser colocado.
Tem o Frank que é um grande cantor, uma figura que representa na música piauiense. Eu só quero que o povo escolha o melhor. Vão avaliar o que essas pessoas fizeram por esse estado. Eu melhorei a qualidade de vida do povo, eu consegui isso para o Estado, eu vou fazer isso. Eu só desejo que a gente tenha uma campanha de alto nível.
A população quer saber como nós vamos transformar a vida dela, que a gente não vá para a campanha de baixo nível, denegrir a imagem de ninguém. Vamos trabalhar pelo Piauí e se a gente fizer uma campanha de alto nível, quem sai ganhando é o Estado.
- Foto: Brunno Suênio/GP1Ciro Nogueira trata sobre desempenho
GP1: Como avaliou a entrada de Dr. Pessoa na disputa pelo Governo do Estado?
Ciro Nogueira: Respeito, é um homem que tem uma identidade popular muito grande, tem um apelo popular grande. Espero que ele venha com propostas para desenvolver o Estado. Se for com esse intuito, ele e o Elmano e o Luciano e mais o Wellington, vão fazer uma campanha de alto nível.
GP1: Com Dr. Pessoa, a disputa vai para o segundo turno?
Ciro Nogueira: Eu ainda não vi pesquisas depois da entrada dele. Se for, que tenha um debate construtivo no segundo turno. Você conhece melhor os candidatos, mas nós temos um candidato que ganhava bem já no primeiro turno e que vamos trabalhar dia e noite para que o Wellington ganhe no primeiro turno, mas temos que respeitar a vontade do eleitor.
GP1: Se Lula for candidato, o Progressistas piauiense vai apoiar o petista?
Ciro Nogueira: Primeiro, o meu partido não tem um candidato a presidência da República. Eu vou manter meu compromisso até porque a decisão da executiva nacional é liberar os estados. Então, o estado do Piauí está livre para escolher o que é melhor. Eu sou apaixonado pelo Piauí, minha razão de ser político é o Piauí.
O presidente Lula para mim é melhor por tudo que ele fez pelo Nordeste e pelo Piauí. Então eu vou focar, lógico que sou presidente de um partido e respeito e vou estar na convenção sacramentando o nome do Geraldo Alckmin, porque a maioria queria ele. Mas, se dependesse do Piauí eu levaria para apoiar o Lula, por tudo que ele fez pelo Nordeste.
Eu tenho angústia de ver o sofrimento que ele está passando. Ele não merecia isso, está sendo injustiçado. Se o Lula não vier a ser candidato aí vamos escolher outro, mas se ele vier será ele até o final.
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