O ex-ministro da Cultura Marcelo Calero, em depoimento à Polícia Federal disse que recebeu pressão do presidente Michel Temer para liberar um empreendimento imobiliário em Salvador. Ele também afirmou que gravou conversas sobre este assunto.
De acordo com o Estadão, foram alvos do "grampo" de Calero, Michel Temer, o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, e o chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha. Segundo as investigações, Calero afirmou para a PF que recebeu pressão de vários ministros para que convencesse o Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (Iphan) a voltar atrás na decisão de barrar o empreendimento La Vue, onde Geddel diz ter adquirido um apartamento. Após a pressão de Geddel, Calero procurou Temer, no entanto, o presidente o “enquadrou” para tentar buscar uma saída para o caso.
- Foto: Dida Sampaio/Estadão ConteúdoMarcelo Calero
A conversa com Temer ocorreu no Planalto no dia 17, véspera do pedido de demissão de Calero. “Que na quinta, 17, o depoente foi convocado pelo presidente Michel Temer a comparecer no Palácio do Planalto; que nesta reunião o presidente disse ao depoente que a decisão do Iphan havia criado ‘dificuldades operacionais’ em seu gabinete, posto que o ministro Geddel encontrava-se bastante irritado; Que então o presidente disse ao depoente para que construísse uma saída para que o processo fosse encaminhado à AGU, porque a ministra Grace Mendonça teria uma solução”, diz a transcrição do depoimento.
O ex-ministro divulgou nota nesta sexta-feira (25) na qual negou que o objetivo da audiência solicitada a Michel Temer tenha sido gravar a conversa com o presidente da República. No comunicado, ele atribuiu a disseminação dessa suspeita ao Palácio do Planalto.
Leia a íntegra da nota divulgada por Marcelo Calero:
A respeito de informações disseminadas, a partir do Palácio do Planalto, de que eu teria solicitado audiência com o presidente Michel Temer no intuito de gravar conversa no Gabinete Presidencial, esclareço que isso não ocorreu.
Durante minha trajetória na carreira diplomática e política, nunca agi de má fé ou de maneira ardilosa.
No episódio que agora se torna público, cumpri minha obrigação como cidadão brasileiro que não compactua com o ilícito e que age respeitando e valorizando as instituições.
Ver todos os comentários | 0 |