O presidente Vladimir Putin afirmou, nesta terça-feira (21), que a Rússia não teve escolha, a não ser atacar a Ucrânia. A declaração foi dada durante Assembleia Federal. As informações são da Veja.
De acordo com Putin, o Ocidente estaria se preparando para transformar a Ucrânia em uma base com armas para atacar Moscou, o que fez com que a Rússia tivesse que agir primeiro. “Eles não nos deixaram outra opção para defender a Rússia e nosso povo, a não ser a que hoje somos forçados a usar. Nestas circunstâncias, temos que tomar ações duras e imediatas. O povo das repúblicas de Donbas pediram ajuda à Rússia”, disse o presidente russo.
O presidente da Rússia foi aplaudido de pé pela plateia, que contava com parlamentares, soldados, chefes de espionagem e diretores de empresas estatais, ao falar da anexação de quatro territórios ucranianos no ano passado.
Putin disse à elite militar e política que o país irá “resolver cuidadosamente e consistentemente as tarefas que nos enfrentam na Ucrânia”. “Fomos abertos, francos e sinceros em querer um diálogo aberto com o Ocidente e dissemos muitas vezes que o mundo precisa de segurança indivisível e convidamos todos os países do mundo a falar sobre isso. Mas, como resposta, tudo o que obtivemos foi uma resposta hipócrita e incompreensível, bem como ações concretas bastante substantivas – a expansão da OTAN – o chamado guarda-chuva de defesa de nosso país e da Ásia Central”, afirmou Putin.
O presidente acrescentou ainda que os Estados Unidos, em particular, veem o conflito na Ucrânia “como um projeto anti-russo” e que “o objetivo é tomar essas terras historicamente russas de nós. Nada mudou. É apenas uma questão de continuar com a mesma política”.
Além da promessa de continuar a guerra e dos alertas ao Ocidente sobre um confronto global, Putin também tentou justificar a guerra, dizendo que ela havia sido imposta à Rússia e que entendia a dor das famílias daqueles que morreram em batalha.
“O povo da Ucrânia se tornou refém do regime de Kiev e de seus senhores ocidentais, que efetivamente ocuparam este país no sentido político, militar e econômico. Eles pretendem transformar um conflito local em uma fase de confronto global. É exatamente assim que entendemos tudo e vamos reagir de acordo, porque neste caso estamos falando da existência do nosso país”, declarou Vladimir Putin.
Novo Start
Além das acusações contra o Ocidente, Putin usou o discurso desta terça para anunciar a suspensão da participação russa no último acordo de controles de mísseis estratégicos vigente, o Novo Start. O tratado, vigente desde o ano de 2010 e previsto até 2026, indicava que tanto a Rússia quantos os Estados Unidos, que juntos têm 90% do arsenal nuclear do mundo, impusessem um teto de 1.550 ogivas estratégicas implantadas, referindo-se àquelas ogivas montadas em terra ou mísseis lançados no mar.
As inspeções de instalações militares dos EUA e da Rússia sob o tratado nuclear Start foram interrompidas por ambos os lados devido à pandemia do coronavírus em março de 2020. O comitê EUA-Rússia que supervisiona a implementação do tratado se reuniu pela última vez em outubro de 2021, mas a Rússia suspendeu unilateralmente sua cooperação com as disposições de inspeção do tratado em agosto de 2022 para protestar contra o apoio dos EUA à Ucrânia.
Todos os números existentes sobre o assunto são especulativos, mas de acordo com a Federação de Cientistas Americanos, a Rússia tem 5.977 ogivas nucleares, sendo 1.500 delas aposentadas. Os EUA, por sua vez, teriam 5.428.
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia disse em agosto de 2022 que havia informado aos EUA que estava suspendendo temporariamente as inspeções no local exigidas pelo tratado. Como justificativa, a pasta afirmou que as sanções de Washington impostas pela invasão à Ucrânia mudaram as condições entre os dois países e que os EUA em si estariam impedindo russos de realizarem suas próprias inspeções em solo americano.
No dia 16 de janeiro deste ano, a Rússia disse ter finalizado sua primeira ogiva nuclear Poseidon, um super torpedo que seria capaz de desencadear ondas radioativas no oceano para tornar as cidades costeiras inabitáveis. A arma tem suas raízes nos planos soviéticos de Josef Stalin para um torpedo nuclear que seria capaz, no contexto da União Soviética e da Guerra Fria, de devastar a costa dos Estados Unidos.
A legislação russa prevê o seu uso em apenas quatro oportunidades: lançamento de mísseis balísticos contra o território russo ou seus aliados; uso de armas nucleares contra a Rússia ou seus aliados; ataque a locais críticos governamentais ou militares que ameace a sua capacidade nuclear; e agressão contra a Federação russa com uso de armas convencionais quando a própria existência do Estado está em perigo.
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