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Agência Internacional de Energia revisa para baixo demanda global por gás

Invasão da Rússia na Ucrânia é o principal motivo para revisão da demanda de gás até 2025.

A Agência Internacional de Energia (AIE) revisou para baixo a previsão sobre a demanda mundial de gás até 2025 por conta dos preços recordes desde o início da invasão russa na Ucrânia e que devem seguir a níveis excepcionalmente elevados.

No informe trimestral de gás publicado nesta terça, 5, a AIE calcula que a demanda reduzirá 0,5% ainda este ano e, a partir de 2023, começará a se recuperar para chegar ao ritmo de progressão de 1,5% em 2025.


Isso significa que, entre 2021-2025, o incremento médio anual da demanda será de 0,6%. Em 2021, a previsão era de alta de 1,7% por ano.

Até o meio desta década, o aumento do consumo será cerca de 140 milhões de metros cúbicos, chegando a cerca de 4,24 bilhões, quando nos cinco anos anteriores a alta foi de 370 milhões de metros cúbicos.

O principal fator que justifica a severa correção é a guerra na Ucrânia, que tem levado a União Europeia a reduzir de forma drástica importações do gás da Rússia, tradicionalmente seu principal provedor.

Para substituir a importação russa, a Europa tenta recorrer a outros países produtores, e isso considera principalmente o Gás Natural Liquefeito (GNL) que chega por barco ― mercado este que entrou em uma tensão que não se resolverá a curto nem médio prazo.

Os preços seguirão altos por mais tempo

A consequência direta é a escalada de preços. Conforme projeções da AIE, os preços do gás no mercado de transferência de títulos TFF holandês (ponto comercial virtual de gás natural), que serve de referência na Europa, não apenas vão sextuplicar este ano o que havia em 2019, antes do início da pandemia da covid-19, como, em 2025, seguirão custando praticamente o triplo.

Os autores do informe elaboraram um cenário de base em que a UE reduziria a compra de gás russo por gasoduto próximo a 55% entre 2021 e 2025. Mas também contemplam outro cenário onde este recorte pode chegar ao declínio de 75% por conta das grandes incertezas de hoje, em participar frente a possibilidade de Moscou fechar ainda mais as torneiras, como tem feito nos últimos meses com vários países, entre eles contra a Alemanha.

Neste contexto, não seria estranho que a alta na oferta global de GNL este ano será insuficiente para responder toda a demanda europeia, que absorverá mais de 60% do aumento produzido nos próximos três anos.

O paradoxo é que a expansão da oferta vai desacelerar, já que os preços baixos de gás e petróleo em meados da década passada resultaram uma redução no investimento em novas capacidades, o que tardará para reverter.

Oferta de GNL limitada por falta de investimento

Desta forma, o volume de GNL crescerá em ritmo anual ligeiramente inferior a 4% entre 2021 e 2015. Porcentual muito abaixo dos 7% registrados nos cinco anos anteriores.

Ao mesmo tempo, as vendas por gasoduto vão reduzir globalmente a uma taxa de 1,9% ao ano devido à queda dos fluxos da Rússia para a Europa.

Para ilustrar este movimento, junho foi o primeiro mês em que as exportações europeias de GNL oriunda dos Estados Unidos, com quase 5 milhões de metros cúbicos, superou a compra de gás russo, que iniciou em 2021 ainda com mais de 12 milhões mensais.

A demanda europeia de gás este ano deverá reduzir em 9% e a tendência se manterá no patamar durante o trimestre, de forma que em 2025 ficará em 536 milhões de metros cúbicos, um pouco distante daqueles 586 milhões de 2019, sem contar dos 604 milhões do pico histórico de 2021.

Segundo as projeções da AIE, apenas uma quinta parte da revisão para baixo das expectativas da demanda global até meados da década será resultado de melhoras na eficiência energética ou substituição de gás por fontes renováveis.

É por isso que o diretor de segurança de mercado, Keisuke Sadamori, considera que nesta situação de crise, os países carecem de “maiores esforços e políticas para um uso mais eficiente da energia para acelerar a transição para a energia limpa.”

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