A Agência Espacial Europeia (ESA) disse nesta quinta-feira, 17, que não tentará mais missão russo-europeia ExoMars e informou ainda que poderá retirar muitos componentes do país da missão. A decisão foi motiva após invasão da Ucrânia. Desse modo, a Europa terá que esperar pelo menos mais alguns anos antes que seu primeiro rover planejado em Marte possa perfurar a superfície do planeta.
“Um lançamento com a corporação espacial estatal da Rússia, Roscosmos, agora é ‘praticamente impossível, mas também politicamente impossível’, disse o diretor da agência, Josef Aschbacher. “Este ano, o lançamento se foi”, completou.
Em entrevista à Associated Press, Aschbacher disse que a agência espacial vai agora peneirar “pouco a pedaço e componente por componente” através da missão, para determinar quanto tempo é necessário “para realmente fazê-lo sem os russos”.
Alternativas podem ser obtidas da Europa e com a ajuda da NASA. “Por causa da invasão russa, precisamos desemaranhar toda essa cooperação que tivemos, e este é um processo muito complexo e doloroso”.
Ele descreveu o colapso da cooperação como “um alerta” para a Europa desenvolver ainda mais suas próprias tecnologias espaciais. “Precisamos ter certeza de que temos nosso acesso independente ao espaço”, indicou.
Por causa de suas respectivas órbitas ao redor do Sol, Marte só é facilmente alcançável da Terra a cada dois anos. A próxima janela de lançamento mais próxima seria 2024. Mas se as sanções contra a Rússia não forem suspensas até então, permitindo que a cooperação da ESA com a Roscosmos seja retomada, essa janela também poderá ser perdida.
A primeira versão totalmente europeia ou Europa-NASA do rover ExoMars poderia ser lançado em 2026 ou, na falta disso, em 2028, prosseguiu o diretor da agência.
A ESA havia dito anteriormente que a missão era “muito improvável” devido à guerra da Rússia contra a Ucrânia. A decisão de suspender a cooperação com a Roscosmos foi tomada pelo conselho dirigente da ESA em uma reunião em Paris.
“Lamentamos profundamente as baixas humanas e as consequências trágicas da agressão à Ucrânia’', disse um comunicado da ESA. “Embora reconheça o impacto na exploração científica do espaço, a ESA está totalmente alinhada com as sanções impostas à Rússia por seus estados membros.”
A missão ExoMars começou a se adiada em 2020 por causa da pandemia do novo coronavírus e a necessidade de mais testes na espaçonave.
A missão deveria ter decolado em um foguete russo Proton-M do local de lançamento de Baikonur, no Cazaquistão, em setembro, e estava programada para pousar no planeta vermelho cerca de nove meses depois.
Já em Marte estão o rover Perseverance da NASA e o primeiro rover de Marte da China, Zhurong, em homenagem ao deus chinês do fogo. Ambos pousaram no planeta vermelho no ano passado. Duas outras espaçonaves da NASA ainda estão ativas na superfície: Curiosity e InSight.
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