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Reunião entre chanceleres de Rússia e Ucrânia termina sem acordo

Serguei Lavrov disse que cessar-fogo não estava na mesa e precisaria ser discutido entre os presidentes.

Os ministros das Relações Exteriores da Rússia e da Ucrânia se reuniram nesta quinta-feira, 10, na Turquia, o contato de mais alto nível entre os dois países desde que a guerra começou em 24 de fevereiro. Mas as trocas de farpas durante a coletiva de imprensa deixaram claro que não houve progressos no encontro, em especial sobre um acordo de cessar-fogo.

“Mencionamos um cessar-fogo, mas não houve avanços nesse sentido”, disse o chanceler ucraniano Dmitri Kuleba à imprensa. Mas, segundo ele, as negociações com seu homólogo russo, Serguei Lavrov, ainda devem continuar neste formato.


"Queríamos obter um cessar-fogo de 24 horas. Lavrov disse que Moscou queria falar de corredores humanitários", afirmou o chanceler que esperava a abertura de um corredor para retirar civis da cidade de Mariupol, no sudeste da Ucrânia e que está sob intensos bombardeios russos.

Um bombardeio na última quarta-feira, 9, atingiu uma maternidade e provocou grande revolta internacional.

"Antes de mais nada, vim aqui por razões humanitárias, para a retirada de civis. Mas Lavrov não quis prometer nada sobre este ponto", insistiu o chefe da diplomacia ucraniana. Porém, "decidimos continuar nossos esforços e pretendo continuar com este formato".

Por outro lado, Lavrov alegou que um cessar-fogo nem estava na mesa. "Ninguém estava planejando negociar um cessar-fogo aqui", disse, acrescentando que tais questões devem ser discutidas entre autoridades russas e ucranianas que devem se encontrar novamente em breve em Belarus.

Lavrov deixou aberta a porta para uma reunião entre o presidente russo, Vladimir Putin, e o presidente ucraniano, Volodmir Zelenski. “Espero que isso se torne necessário em algum momento”, disse ele. “Mas o trabalho preparatório precisa ocorrer para isso.” Zelenski disse que a guerra só pode ser encerrada por meio de um encontro com Putin, com o qual o Kremlin ainda não concordou.

Lavrov não deu sinais de fazer concessões, repetindo as exigências russas de que a Ucrânia fosse desarmada e aceitasse o status de neutralidade. Ele disse que Kiev parecia querer reuniões por reuniões e culpou o Ocidente por intensificar o conflito armando seu vizinho.

Esta foi a primeira reunião entre funcionários do primeiro escalão dos governos da Ucrânia e Rússia desde o início da ofensiva de Moscou, há exatamente duas semanas. O encontro, que durou uma hora e 40 minutos, aconteceu na cidade de Antalia, sul da Turquia, na presença do ministro turco das Relações Exteriores, Mevlut Cavusoglu.

Bombardeio à maternidade

Um ataque aéreo a um hospital no porto de Mariupol matou três pessoas, incluindo uma criança, informou o conselho da cidade na quinta-feira. Nesta manhã, as forças russas intensificaram o cerco às cidades ucranianas, mesmo quando os chanceleres se reuniam.

O ataque um dia antes na cidade sitiada do sul feriu 17 pessoas, incluindo mulheres esperando para dar à luz, médicos e crianças soterradas nos escombros. Bombas também caíram em dois hospitais em outra cidade a oeste da capital, Kiev.

Enquanto a guerra entra em sua terceira semana, autoridades ocidentais dizem que as forças russas fizeram pouco progresso no terreno nos últimos dias, mas intensificaram o bombardeio de Mariupol e outras cidades, prendendo centenas de milhares de pessoas, com falta de comida e água.

Cessar-fogos temporários para permitir evacuações muitas vezes falharam, com a Ucrânia acusando a Rússia de continuar seus bombardeios. Mas o presidente ucraniano disse que 35.000 pessoas conseguiram sair na quarta-feira de várias cidades sitiadas.

A Ucrânia chamou o ataque à maternidade de "genocídio". "Que país é esse, a Federação Russa, que tem medo de hospitais, tem medo de maternidades e as destrói?" disse Zelenski em um discurso televisionado na noite de quarta-feira, depois de postar imagens dos destroços, mostrando grandes danos ao prédio.

Lavrov justificou durante a coletiva de imprensa o bombardeio ao hospital, alegando que ele estava sendo usado como base por um batalhão nacionalista. "Este hospital pediátrico foi retomado há tempos pelo batalhão de Azov e por outros radicais, e todas as mulheres que iam dar à luz, todas as enfermeiras e todo pessoal de apoio haviam sido expulsos", declarou.

Em todo o país, acredita-se que milhares tenham sido mortos, tanto civis quanto soldados, desde a invasão das forças de Putin. A ONU estima que mais de 2 milhões de pessoas fugiram do país, o maior êxodo de refugiados na Europa desde o fim da Segunda Guerra Mundial.

Os combates cortaram a energia da usina nuclear desativada de Chernobyl na quarta-feira, levantando temores sobre o combustível radioativo usado armazenado lá que deve ser mantido refrigerado. Mas a agência de vigilância nuclear da ONU disse que não viu “nenhum impacto crítico na segurança” da perda de energia.

A vice-primeira-ministra ucraniana, Irina Vereshchuk, pediu na quinta-feira aos militares russos que permitam o acesso de equipes de reparo para restaurar a eletricidade da usina e consertar um gasoduto danificado no sul que deixou Mariupol e outras cidades sem aquecimento por dias.

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