O presidente da China, Xi Jinping, conversou nesta sexta-feira, 25, com seu homólogo russo, Vladimir Putin, sobre a guerra na Ucrânia e se mostrou favorável a uma resolução do conflito pela via diplomática. O chinês, no entanto, manteve a posição de não condenar a invasão russa.
"A China apoia a Rússia na resolução por meio de negociações com a Ucrânia", informou a televisão estatal chinesa CCTV, ao apresentar um resumo do telefonema entre os dois. Durante a ligação com Putin, Xi disse que era importante "abandonar a mentalidade da Guerra Fria, dar importância e respeitar as preocupações de segurança razoáveis de todos os países e formar um mecanismo de segurança europeu equilibrado, eficaz e sustentável por meio de negociações".
Após meses de esforços diplomáticos, Putin lançou a invasão da Ucrânia na madrugada de quinta-feira, com as tropas russas realizando bombardeios e incursões terrestres em várias partes do país, inclusive perto da capital Kiev. Desde então, a China manteve uma linha diplomática cautelosa em relação à crise, recusando-se a rotulá-la de "invasão". Tampouco condenou as ações da Rússia, sua aliada próxima.
Segundo a imprensa chinesa, Putin explicou as razões pelas quais a Rússia lançou uma "operação militar especial", em suas palavras, e disse a Xi que tanto a Otan quanto os Estados Unidos "ignoraram por muito tempo as preocupações de segurança da Rússia". O líder russo também afirmou a Xi que está disposto a manter conversas de "alto nível" com a Ucrânia.
À medida que a crise se aprofundava, a China foi forçada a fazer um difícil equilíbrio entre seus laços estreitos com a Rússia e seus grandes interesses econômicos na Europa. A ofensiva de Moscou contrasta com a posição de política externa de longa data da China de não interferir nos assuntos internos de outros países.
Xi afirmou que a China está "disposta a trabalhar com todas as partes da comunidade internacional e defender um conceito de segurança comum, abrangente, cooperativo e sustentável, e salvaguardar firmemente o sistema internacional com as Nações Unidas no centro", segundo o canal CCTV.
Os laços chineses com a Rússia se fortaleceram com o presidente Xi Jinping, que se encontrou com Putin este mês em Pequim. As compras multibilionárias de gás russo pela China para sua economia dependente de energia têm sido uma tábua de salvação para Putin, que já estava sob sanções ocidentais por sua apreensão da Crimeia da Ucrânia em 2014.
A China é o único grande governo a se abster de condenar o ataque de Putin. “Ainda esperamos que as partes envolvidas não fechem a porta para a paz e se envolvam em diálogo e impeçam que a situação se agrave ainda mais”, disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Hua Chunying, na quinta-feira.
Enquanto isso, a Embaixada da China na Ucrânia disse a seus cidadãos que ficassem em casa ou colocassem uma bandeira chinesa dentro de seu veículo se precisassem viajar.
O governo de Xi ecoa a frustração russa com o que eles dizem ser o domínio americano injusto dos assuntos globais e a rejeição de Moscou à expansão da Otan para o leste. Pequim culpou Washington e seus aliados europeus pelo conflito sobre a Ucrânia.
Após a reunião em Pequim, Xi e Putin emitiram uma declaração endossando questões-chave de política externa para ambos os lados - a oposição de Moscou à expansão da Otan nas ex-repúblicas soviéticas e a reivindicação da China à ilha autogovernada de Taiwan.
O ataque de Moscou colocou Pequim em um conflito entre sua parceria com Putin e sua sensibilidade sobre o respeito às fronteiras nacionais devido à sua ansiedade em manter áreas inquietas como o Tibete e Xinjiang.
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