A vice-presidente americana, Kamala Harris , alertou a Rússia neste sábado, 19, que Moscou enfrentará sanções e custos financeiros "sem precedentes" se invadir a Ucrânia e previu que tal ataque aproximaria aliados europeus dos Estados Unidos. Kamala discursou na conferência anual de segurança de Munique, na Alemanha. Ao falar em seguida no mesmo evento, a chefe da comissão executiva da União Europeia, Ursula von der Leyen, disse que Moscou terá seu acesso aos mercados financeiros e produtos de alta tecnologia limitado sob sanções ocidentais que estão sendo preparadas.
Na sexta-feira, o presidente Joe Biden disse que estava "convencido" de que o presidente russo, Vladimir Putin, tomou a decisão de invadir o país vizinho. Os EUA, segundo Kamala, continuam abertos à diplomacia séria e têm agido de boa fé até agora. Porém, a Rússia, apesar de dizer que está pronta para conversações, reduz os caminhos para a negociação. "Suas ações não estão combinando com as palavras", declarou. "Posso dizer com absoluta certeza: se a Rússia invadir a Ucrânia, os Estados Unidos, com nossos aliados e parceiros, vão impor sanções economicas sem precedentes contra o país".
Kamala também afirmou que além dos 6 mil soldados americanos que foram para Romênia, Polônia e Alemanha, outros 8.500 estão prontos para agir quando acionados. "Como (o presidente Joe) Biden disse, nossas forças não serão deslocadas para lutar dentro da Ucrânia, mas irão defender cada centímetro do território da Otan."
"Nossa força não pode ser subestimada (...) é preciso muito mais força para construir do que para destruir", disse Kamala. "Desde o fim da Guerra Fria, nunca nos reunimos sob circunstâncias tão difíceis. Hoje, como estamos bastantes cientes, a Fundação da Segurança Europeia está sob ameaça direta na Ucrânia."
Kamala afirmou que logo depois das duas Grandes Guerras, um consenso emergiu na Europa e nos Estados Unidos em favor da ordem, ao invés do caos e que preza pela segurança, não conflito. "Por isso, por laços, relacionamentos, organizações, instituições, leis e tratados, nós juntos estabelecemos um conjunto de normas que foram mantidas desde então", afirmou.
Dentre as regras, ela relembrou que as nações têm direito de escolher suas próprias alianças, mas as fronteiras nacionais não podem ser mudadas pela força. "Estamos aqui unidos para reafirmar nosso compromisso a esses principios que nos trouxeram paz e segurança." A espinha dorsal disso, segundo ela, é a Otan, "a maior aliança militar que o mundo jamais viu".
A Rússia, segundo Kamala Harris, vai dizer que está inocente e pode criar vários pretextos para a invasão. "Nós vemos a Rússia espalhando mentiras, desinformação e propaganda. Mas apesar disso, num esforço deliberado e coordenado, nós juntos vamos expor a verdade, falaremos em uma só voz", afirmou.
Kamala ainda lamentou pelo povo da Ucrânia, que teve mais de 14 mil mortes e mais de 1 milhão de descolamentos desde que começou a guerra, há oito anos. "Já ajudamos e vamos continuar a apoiar o povo da Ucrânia. É importante para todos nós como líderes, o custo humano desse tipo de agressão", contou.
Ao final, a vice-presidente americana pediu para os líderes lembrarem de quão raro é, na história, ter um período prolongado de paz e estabilidade. "Manter os nossos princípios é o trabalho vital de cada geração."
Sanções severas
Moscou terá seu acesso aos mercados financeiros e produtos de alta tecnologia limitado sob sanções ocidentais que estão sendo preparadas caso a Rússia ataque a Ucrânia, disse Ursula von der Leyen, chefe da comissão executiva da União Europeia. "O pensamento perigoso do Kremlin, que vem direto de um passado sombrio, pode custar à Rússia um futuro próspero", disse Von der Leyen na conferência de Munique.
Von der Leyen disse que o braço executivo da UE desenvolveu um "pacote robusto e abrangente" de sanções financeiras com os EUA, Reino Unido e Canadá. "Caso a Rússia ataque, limitaremos o acesso aos mercados financeiros para a economia russa e (imporemos) controles de exportação que impedirão a possibilidade de a Rússia modernizar e diversificar sua economia", acrescentou. "E temos muitos produtos de alta tecnologia onde temos domínio global, e que são absolutamente necessários para a Rússia e não podem ser substituídos facilmente."
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