O avanço da variante Ômicron do coronavírus nos Estados Unidos e, principalmente, no Reino Unido começou a dar sinais de desaceleração nos últimos dias, com a curva de casos conhecidos caindo de maneira pronunciada em território britânico e na costa leste americana.
O fenômeno é similar ao ocorrido na África do Sul na virada do ano, onde a nova cepa foi registrada pela primeira vez, e indica que a curva de contágio dessa versão do vírus é mais veloz que a de suas antecessoras.
Nos Estados Unidos, a queda no volume de casos é mais nítida na costa leste, principalmente em Nova York e New Jersey, onde a cepa do vírus chegou primeiro. Segundo levantamento do New York Times, em 9 de janeiro, a média móvel de casos no Estado de Nova York chegou a 74 mil. Oito dias depois, esse número é de 48 mil, uma queda de 35%.
Com suas dimensões continentais, no entanto, os Estados Unidos têm o surto de Ômicron em diferentes estágios ao mesmo tempo em diversos Estados, o que impede que os números nacionais caiam de maneira mais acentuada. Estados onde o vírus chegou depois ainda sofrerão com a Ômicron por mais tempo.
No Reino Unido, com um quinto da população dos Estados Unidos, a diminuição dos contágios é mais consistente em todo o país. De 182 mil casos na média móvel em 5 de janeiro, o país tinha 98 mil casos no dia 17 – uma queda de 46%.
Outros países da Europa onde a nova versão do vírus chegou em meados de dezembro, como é o caso da Espanha, França e Itália já se aproximam do ápice dos contágios, segundo modelos matemáticos.
Internações preocupam
Apesar da queda no Reino Unido e nos Estados Unidos, autoridades sanitárias nos dois países ressaltam que o número de infectados continua perigosamente alto e as internações ainda não acompanharam a queda nos casos, o que deve demorar mais duas semanas. Outra ressalva é a de que a imunidade de rebanho contra a Ômicron ainda está longe de ocorrer, seja por vacinação ou infecção natural. O número médio de americanos hospitalizados com o coronavírus é de 157 mil, um aumento de 54% em duas semanas.
O médico Anthony Fauci, o principal especialista em doenças infecciosas do governo Biden, foi questionado na segunda-feira no Fórum Econômico Mundial se isso pode ocorrer ainda em 2022. “Espero que seja esse o caso”, disse ele, “mas só seria o caso se não obtivermos outra variante que ilude a resposta imune”. Segundo Fauci, a evolução da pandemia ainda é impossível de traçar. “A resposta é: não sabemos”, disse ele.
Embora seja muito cedo para saber como essa onda recorde moldará a pandemia, ela provavelmente terá algum impacto, disse William Hanage, epidemiologista do Harvard T.H. Escola Chan de Saúde Pública. “Esperamos que novas ondas sejam mais suaves. Isso não é “imunidade de rebanho”, porque surtos serão possíveis. No entanto, suas consequências serão muito menos graves”.
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