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Após prender opositores, Ortega assume quarto mandato na Nicarágua

Eleições de 7 de novembro não foram democráticas, dizem Estados Unidos e União Europeia.

O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, assumiu nesta segunda-feira, 10, o quarto mandato consecutivo, castigado por novas sanções dos Estados Unidos, mas com o apoio da China e da Rússia.

A sessão solene contou com a presença dos presidentes aliados Nicolás Maduro (Venezuela), Miguel Díaz-Canel (Cuba) e Juan Orlando Hernández (Honduras).


Washington e Bruxelas consideram que as eleições de 7 de novembro, nas quais Ortega foi reeleito com os principais adversários presos ou no exílio, não foram "democráticas". Em seu discurso de posse, Ortega ironizou as sanções americanas.

Os Estados Unidos e a UE anunciaram hoje novas sanções contra funcionários do alto escalão, incluindo dois filhos de Ortega e Murillo e três entidades estatais. Vários países latino-americanos, por meio da Organização dos Estados Americanos (OEA), também ignoraram a legitimidade das eleições e exigiram a libertação dos oponentes presos.

As ações da comunidade internacional foram descritas pelo governante sandinista como "agressões" contra seu país. Ele também acusou os Estados Unidos e a UE de "ingerência" e "desrespeito à soberania" e pediu em novembro o início do processo de retirada do país da OEA.

Rússia e China

Manuel Orozco, analista e membro do Diálogo Interamericano, disse à Agência France-Presse que Ortega e Murillo inauguram seu mandato "não sem desafios" devido à pressão internacional, descontentamento dos cidadãos, uma situação socioeconômica gravemente deteriorada e forte dissensão entre sua base governamental e a elite sandinista.

Ortega tenta equilibrar esses desafios aproximando-se da Rússia e da China, mas sem fazer mudanças políticas internas, preservando o aparato repressivo e mantendo os presos políticos como um cartão de transação, destacou Orozco.

Nesse contexto, Ortega retomou as relações diplomáticas com a China em 9 de dezembro, após desfazer os laços que o país mantinha por mais de 30 anos com Taiwan e reconhecer o princípio de "uma China".

O restabelecimento das relações com Pequim foi acompanhado de uma doação de milhares de vacinas e três semanas depois o país asiático abriu a sua embaixada em Manágua.

Também estreitou seus laços com Moscou, que lhe proporcionou ampla cooperação, desde trigo, vacinas anticovid, ônibus para renovar o transporte coletivo até uma estação de satélite.

Convidados da cerimônia

A cerimônia de posse contou com a presença de delegações da Bolívia, México, Palestina e República Árabe Sarauí Democrática. O presidente chinês, Xi Jinping, nomeou Cao Jianming, vice-presidente do Comitê Permanente do Congresso Nacional do Povo, como enviado especial.

Também estiveram presentes convidados da Rússia, Irã, Coreia do Norte, Síria, Belize, Vietnã, Laos, Camboja, Angola, Turquia, Belarus, Turquia, Egito, Malásia e Iêmen.

UE amplia sanções

O Conselho Europeu anunciou hoje a inclusão de sete pessoas na lista de funcionários nicaraguenses sancionados, entre eles dois filhos e assessores de Daniel Ortega e Rosario Murillo, respectivamente presidente e vice-presidente do país.

Em um comunicado, o Conselho informou que os sancionados "são responsáveis por graves violações dos direitos humanos, incluindo a repressão da sociedade civil, o apoio a eleições presidenciais e parlamentares fraudulentas, e o enfraquecimento da democracia e do Estado de Direito".

Entre os incluídos na lista destacam-se Camila Ortega Murillo e Laureano Ortega Murillo, filhos do casal presidencial e que atuam como assessores. Camila também é diretora do canal de televisão Canal 13. Também foram incluídos a presidente do Conselho Supremo Eleitoral, Brenda Rocha Chacón, e seu vice-presidente Cairo Amador Arrieta.

Nahima Díaz, diretora do Instituto Nicaraguense de Telecomunicações e Correios, também passou a ser alvo de sanções, assim como Lumberto Campbell, funcionário do Conselho Eleitoral. A lista se completa com Luis Montenegro Espinoza, da Superintendência de Bancos.

O Conselho também incluiu na lista de sanções a Polícia Nacional da Nicarágua, o Conselho Supremo Eleitoral e o Instituto de Telecomunicações. Sendo assim, a lista de funcionários nicaraguenses sancionados pela UE já chega a 21. Desde agosto do ano passado, estão nela o próprio presidente Ortega e sua esposa, a vice-presidente Murillo.

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