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Mulheres e jornalistas são chicoteados em protestos no Talibã

Relatos de agressões surgem em meio à repressão de protestos contra o novo governo do país.

As promessas de moderação do Talibã parecem mais vazias a cada dia, enquanto o grupo tenta consolidar seu poder em um Afeganistão fragilizado. Um dia depois do anúncio do novo gabinete do governo - composto apenas por homens com histórico dentro do grupo insurgente -, relatos de combatentes do Talibã agredindo mulheres e jornalistas a pauladas e chicotadas voltam a surgir nesta quarta-feira, 8.

Um protesto foi reprimido em Dasht-i-Barchi, uma área de Cabul habitada principalmente por pessoas da minoria étnica xiita Hazara, grupo conhecido por ter sido alvo do Taleban no passado, segundo informou a TV americana CNN. Veículos de imprensa afegãos também relataram as agressões. O site afegão Etilaatroz publicou imagens das lacerações nas costas de dois jornalistas, Taqi Daryabi e Nematullah Naqdi que disseram ter sido torturados pelos insurgentes após cobrirem protestos na terça-feira, 7.


Enquanto o Talibã reintroduz um policiamento moral que marcou seu primeiro governo, controlando a vida das mulheres de forma rígida, ativistas e estudantes afirmam que uma geração jovem de mulheres educadas e trabalhadoras não aceitará a opressão do grupo militante islâmico.

Em Cabul, outro grupo de mulheres protestaram na região de Pul-e Surkh, de acordo com a agência de notícias Reuters, carregando cartazes com os dizeres "um gabinete sem mulheres é um erro".

Apesar da constante repressão, protestos vem sendo realizados nas principais cidades do país. No maior deles até aqui, na terça-feira, 7, centenas de mulheres saíram às ruas, mas as manifestantes foram interrompidas quando homens armados do Talibã dispararam tiros de advertência para o ar.

Antes, no dia 4 de setembro, um protesto pelos direitos das mulheres em Cabul acabou com manifestantes sendo acuados com gás lacrimogêneo e spray de pimenta enquanto tentavam caminhar de uma ponte até o palácio presidencial. Houve outros protestos semelhantes em Cabul e também em Herat, a terceira maior cidade do Afeganistão. As mulheres reivindicavam o direito de trabalhar e serem incluídas no governo.

Frente aos recorrentes protestos, o novo Ministério do Interior, chefiado por Sirajuddin Haqqani, líder da rede Haqqani, organização considerada terrorista pelos EUA, emitiu um comunicado informando que, para evitar distúrbios e problemas de segurança, para qualquer pessoa fazer uma manifestação, é preciso solicitar autorização com 24 horas de antecedência.

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