Pela primeira vez na história houve registro de chuva no ponto mais alto do manto de gelo que cobre a Groenlândia, em mais um sinal preocupante de aquecimento não só da região, mas de todo o mundo.
Por volta das 6 horas da manhã do último sábado, 14, a equipe da Estação Summit da National Science Foundation acordou com gotas de chuva e de água condensadas nas janelas da estação.
A chuva até cai ocasionalmente na Groelândia, mas nunca havia sido registrada no ponto mais alto do manto de gelo. E não foram apenas algumas gotas ou uma garoa, mas uma chuva que se estendeu por várias horas, enquanto as temperaturas subiam ligeiramente acima de zero.
Trata-se de mais um sinal alarmante de uma mudança no Ártico, que está esquentando mais rápido do que qualquer outra região do planeta. "Basicamente, durante todo o dia de sábado, choveu a cada hora que (a equipe) fazia observações do tempo", contou Zoe Courville, engenheira do Laboratório de Pesquisa e Engenharia de regiões frias. "E é a primeira vez que isso acontece na estação."
Algumas áreas ficaram mais de 18ºC mais quentes do que a temperatura média. No cume, que tem 3.216 metros de altitude, as temperaturas atingiram o pico de 33ºF - um grau acima de zero.
Ao todo, 7 bilhões de toneladas de chuva caíram na Groenlândia de 14 a 16 de agosto. É a maior quantidade desde que os registros começaram, em 1950. "Isso não é um sinal saudável para um manto de gelo", disse Indrani Das, glaciologista do Observatório Terrestre Lamont-Doherty, da Universidade de Columbia. "Água no gelo é ruim. Torna a camada de gelo mais propensa a derreter a superfície", explicou.
A chuva e as altas temperaturas provocaram um extenso derretimento em toda a ilha, que sofreu uma perda de massa de gelo superficial no último domingo, 15, que foi de sete vezes acima da média para meados de agosto.
O manto de gelo da Groenlândia, o segundo maior do mundo depois do da Antártica, causou cerca de 25% do aumento do nível do mar global visto nas últimas décadas, estimam os cientistas. Essa participação deve crescer à medida que as temperaturas globais aumentam.
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