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Avanço da variante Delta do coronavírus leva países a retomar restrições

Alguns países voltaram a impor lockdown, restrições a viagens e proibição da venda de bebidas alcoólicas.

A preocupação com a rápida disseminação da variante Delta do novo coronavírus vem forçando um número crescente de países a reimpor medidas restritivas mais rigorosas na tentativa de impedir que uma nova onda da covid-19 atrapalhe os esforços globais para conter a pandemia e a retomada da normalidade. Apenas no final da semana passada, novas restrições a viagens e a atividades cotidianas foram anunciadas em países como Austrália, África do Sul e Alemanha.

Especialistas em saúde alertam que a variante Delta - inicialmente identificada na Índia - está a caminho de se tornar a versão mais dominante do coronavírus em todo o mundo. Além da Índia, países como Portugal, Reino Unido e Rússia enfrentam um novo avanço da pandemia, impulsionado pela cepa indiana - que, segundo informações da Organização Mundial da Saúde (OMS) na semana passada, já foi detectada em pelo menos 92 países.


Pelo avanço da nova cepa, a Austrália colocou em lockdown algumas das principais regiões do país. Nesta segunda-feira, 28, Sydney e Darwin, duas das principais cidades australianas, amanheceram fechadas - na primeira, o lockdown deve durar duas semanas. Em Perth foi restabelecido o uso obrigatório de máscara e a população foi alertada sobre a possibilidade de um novo lockdown. Brisbane e Camberra também estão entre as cidades onde houve a reimposição das regras.

A maioria dos novos casos no país estão relacionados a um motorista de limusine de Sydney que testou positivo em 16 de junho para a variante Delta. Ele não foi vacinado e, segundo relatos, não usava máscara. A suspeita é que ele tenha sido infectado enquanto transportava a tripulação de um voo estrangeiro do aeroporto. O estado de Nova Gales do Sul, onde fica a cidade, relatou 18 novos casos no último período de 24 horas.

O conselheiro de políticas de saúde Bill Bowtell, disse que o governo australiano precisava considerar apressar as vacinações, reduzindo o intervalo entre as doses dos imunizantes da AstraZeneca de 12 para 8 semanas. "Nós realmente enfrentamos a crise mais séria da pandemia da covid-19 desde os primeiros dias de fevereiro-março do ano passado", disse.

Na Alemanha, o Instituto Robert Koch, agência federal responsável pelos indicadores de covid-19, incluiu Portugal e Rússia entre os países da "zona com variante do vírus", grupo sujeito a normas mais rígidas de controle, do qual também faz parte o Reino Unido. Agora, os alemães estariam tentando banir viajantes britânicos da União Europeia, independentemente de estarem ou não vacinados contra o vírus, de acordo com publicação do jornal britânico The Times desta segunda. Ainda de acordo com o jornal, o plano precisa ser discutido no comitê integrado de resposta à crise da UE, mas enfrentará resistência de países que costumam receber grande número de turistas britânicos no verão.

Em Portugal, um dos países dependentes do turismo de verão, a variante Delta já é responsável por 51% dos casos de covid-19, de acordo com relatório divulgado no fim da semana passada. Um horário limite de funcionamento foi imposto a restaurantes nas regiões de Lisboa e do Algarve, onde se concentram, respectivamente, a maioria dos novos casos (71%) e o número de reprodução viral mais elevado. No fim de semana anterior, viagens com destino ou partida da região metropolitana de Lisboa já haviam sido proibidas. O salto nas infecções no país ocorreu após a reabertura para visitantes da União Europeia e da Grã-Bretanha em meados de maio.

A Rússia também impôs novas restrições em razão do avanço da cepa indiana, que já é responsável por 90% dos novos casos de covid-19 em Moscou, de acordo com o prefeito da cidade, Sergei Sobyanin. A capital russa registrou um recorde de 114 mortes no domingo, com o total de casos confirmados de 8.500 apenas neste mês.

A partir desta segunda, certificados de vacinação com códigos QR passaram a ser exigidos de 60% dos trabalhadores da cidade que interagem com o público, incluindo professores, motoristas de táxi e vendedores. Restaurantes e bares também passam a ser obrigados a cobrar os certificados - ou testes PCR negativos de até três dias - de seus clientes. Mais de uma dúzia de regiões da Rússia seguiram o exemplo da capital e também estão impondo a vacinação obrigatória, impondo proibições.

Os resorts de Sochi, popular destino de verão no Mar Negro, estarão fechados para pessoas não vacinados a partir de 1º de agosto. Em Moscou, autoridades alertam que os hospitais negarão atendimento médico de rotina aos não vacinados.

As medidas restritivas relacionadas a nova variante também afetaram o Brasil. Bangladesh e Taiwan incluíram o país em suas listas de "países de alto risco". Oficialmente, só 11 casos foram confirmados em território brasileiro até o momento.

Apesar do lockdown, restrição de viagens e regras de distanciamento social serem os meios mais utilizados por autoridades de saúde ao redor do mundo para conter o avanço das infecções, alguns países impõem medidas próprias. Ao elevar o alerta da pandemia para o nível 4 - segundo mais rigoroso dentre os níveis previstos -, a África do Sul proibiu a venda de bebidas alcoólicas no país. De acordo com o presidente Cyril Ramaphosa, a proibição é necessária para aliviar a pressão sobre os hospitais trazida por incidentes de emergência relacionados ao álcool.

Além de proibir a venda de bebidas alcóolicas, a nova deteminação sul-africana também impõe uma ampliação do toque de recolher e proibições de reuniões, refeições em locais fechados e algumas de viagens domésticas, pelo período de 14 dias.

Aposta na vacinação

Apesar de enfrentar um aumento de casos de covid-19 provocado pela variante Delta, o governo de Israel decidiu, no domingo, não reimpor medidas mais rígidas de combate à proliferação do vírus. Israel já havia reimposto o uso obrigatório de máscaras há duas semanas, mas a principal aposta é que a alta taxa de vacinação proteja a população contra as novas variantes.

Uma pesquisa divulgada recentemente pelo Public Health England (PHE) mostrou que receber as duas doses da vacina - para o estudo foram considerados os imunizantes Pfizer/BioNTech e AstraZeneca/Oxford - protege efetivamente contra hospitalização pela covid-19 causada pela cepa indiana. De acordo com o resultado apresentado, receber duas doses da Pfizer/BioNTech protege 96% contra as hospitalizações derivadas da cepa indiana, enquanto Oxford/AstraZeneca oferece uma eficácia de 92%.

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