A pressão pelo cancelamento dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio-2020, que já foram adiados em um ano por causa da pandemia do novo coronavírus, aumenta cada vez mais no Japão. Um dia após ter em mãos uma petição do Sindicato Nacional dos Médicos do país, o governo local recebeu nesta sexta-feira um requerimento já com pouco mais de 350 mil assinaturas reforçando para que não sejam realizados os dois eventos esportivos entre os meses de julho e setembro enquanto persistirem os problemas decorrentes do surto global de covid-19.
Em entrevista coletiva, Kenji Utsunomiya, advogado e um dos organizadores da campanha "Pare as Olimpíadas de Tóquio - para salvar nossas vidas", ressaltou que a capital japonesa ainda não se encontra em condições de sediar os eventos, o que só deve acontecer quando todos, moradores da cidade, visitantes e atletas, puderem estar em completa segurança.
Outro fator ressaltado é o fato de ainda haver a necessidade de alto investimento na área de saúde, verbas estas que seriam comprometidas para a realização dos Jogos. Em 2020, Utsunomiya se candidatou ao governo de Tóquio, mas perdeu para Yuriko Koike.
"Recursos médicos preciosos precisariam ser desviados para as Olimpíadas, se ela for realizada. Não estamos nessa situação (de segurança) e, portanto, os Jogos devem ser cancelados", enfatizou Utsunomiya, inimigo político do ex-primeiro ministro, Shinzo Abe, e antigo opositor dos Jogos desde o início da candidatura de Tóquio para sede.
Iniciada há nove dias, a petição popular online foi entregue à governadora de Tóquio e aos chefes dos Comitês Olímpicos e Paralímpicos do Japão. Perguntada sobre a campanha contra a realização da Olimpíada, Yuriko Koike preferiu ressaltar que seguem todos os esforços para que os eventos sejam realizados com a máxima segurança, apesar de o país ver aumentado nos últimos dias o número de casos de covid-19, a menos de três meses do início.
"Embora haja uma pandemia global, o importante é manter os Jogos de Tóquio-2020 seguros e protegidos", ponderou a governadora também em entrevista coletiva realizada nesta sexta-feira na capital japonesa.
Mais cedo, o governo federal declarou estado de emergência em mais três cidades que tiveram súbito crescimento nos casos do novo coronavírus, situação que aumentou ainda mais a preocupação das autoridades governamentais e médicas sobre uma possível nova disseminação do vírus no país. O ministro da Economia, Yasutoshi Nishimura, anunciou que Hokkaido, Okayama e Hiroshima se somarão a Tóquio, Osaka e outras quatro cidades e iniciarão neste domingo medidas mais restritivas que durarão até o próximo dia 31.
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