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Em carta, Biden pede que Bolsonaro amplie ambição ambiental

O presidente dos Estados Unidos também pede alinhamento com o Brasil em fóruns internacionais.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pediu na carta de resposta ao presidente Jair Bolsonaro que ele amplie ambições de compromissos ambientais, antes da reunião de líderes globais que o americano convocou para abril. O Estadão teve acesso à íntegra da carta. Na mensagem, Biden também pede que os países trabalhem na proteção da natureza e indica que devem trabalhar para retirar pessoas da pobreza de forma sustentável.

"Esperamos ver compromissos de seu governo em aumentar as ambições climáticas antes da Cúpula dos Líderes do Clima, que hospedarei em 22 de abril de 2021, enquanto trabalhamos para proteger nossos recursos naturais e tirar milhões da pobreza de maneiras sustentáveis", escreveu Biden.


O presidente dos Estados Unidos também pede alinhamento com o Brasil em fóruns internacionais, como a Cúpula do Clima (COP-26) das Nações Unidas, a ser realizada em novembro deste ano em Glasgow, na Escócia, sob presidência do Reino Unido. Ele afirma que a mudança climática é uma "ameaça global".

Biden afirmou que os líderes globais compartilham a responsabilidade de tornar os países mais "seguros, saudáveis e sustentáveis" e que por isso está agindo "rapidamente" na resposta à pandemia da covid-19.

No Palácio do Planalto, a carta de Biden foi interpretada como um tom cordial e propositivo, depois da primeira missiva do presidente. Em 20 de janeiro, Bolsonaro tentou desfazer constrangimentos com o envio da primeira correspondência a Biden, depois de ter apoiado o ex-presidente Donald Trump na campanha e feito coro com o republicano a respeito de supostas fraudes nunca comprovadas para favorecer Biden.

Bolsonaro também chegou a contestar o democrata durante a campanha, respondendo que a soberania brasileira não estava em jogo nem seria comprada, quando Biden propôs mover países e oferecer U$ 20 bilhões ao Brasil para conter o desmatamento e incêndios na Amazônia.

Chamou atenção do Planalto que Biden ressaltou apreço pessoal pelo Brasil e a influência do País na região e no mundo. Foi bem recebida a disposição de trabalhar conjuntamente em comércio, segurança, defesa da democracia e enfrentamento da pandemia e dos desafios ambientais, segundo uma fonte com acesso direto a Bolsonaro.

Mais cedo, a Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom) divulgou nota com o teor do documento, mas não a integra. O comunicado governamental veio a público depois que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, presidenciável do PT e virtual adversário de Bolsonaro nas eleições de 2022, afirmou que procuraria Biden para que ele realizasse uma discussão sobre distribuição mais igualitária de vacinas no G-20. A afirmação foi feita por Lula em entrevista à rede de TV americana CNN.

Contudo, a existência da carta de Biden já havia sido citada, no dia 5, pelo chanceler Ernesto Araújo durante palestra ao Conselho das Américas. Na ocasião, o ministro das Relações Exteriores afirmou que "tinha esperança" de um encontro entre os dois presidentes, ainda sem data para ocorrer. Como o Estadão antecipou, o governo Biden pressiona para que Bolsonaro assuma o compromisso de participar da cúpula climática a ser promovida pela Casa Branca. O tema já foi tratado em reuniões de alto nível entre Araújo e o secretário de Estado, Antony Blinken, e o enviado para o Clima, John Kerry.

"Temos esperança. Eles têm as mesmas iniciais, J.B. e J.B. A relação pode ser muito boa no nível presidencial e é importante que seja assim. Temos a mesma abordagem para o que é fundamental. Isso ficou claro na carta que o presidente Bolsonaro mandou ao presidente Biden, e na carta que Biden mandou a Bolsonaro nesta semana. Os pilares desse prédio estão lá: democracia, prosperidade e valores são os mesmos. Só vejo uma boa perspectiva na interação pessoal", afirmou o chanceler, na ocasião.

Dear Mr President:

Thank you for your letter following my inauguration. As you underscored, we share many common goals and challenges. I travelled numerous times to Brazil as vice president, because I fundamentally believe there is no limit to what our nations can accomplish by working together.

We have been drawn together throughout our histories by our struggles for independence, defense of democratic and religious freedom, ultimate rejections of slavery, and long roads to a full embrace of our societies diverse characters.

As leaders, we are also joined by a shared responsibility to make our countries safer, healthier and more sustainable for our children and for future generations. This is why my Administration is acting quickly, both at home and with international partners to combat covid-19 pandemic and to respond with urgency to the global threat posed by climate change.

I welcome the opportunity for our nations to work together in addressing these historic challenges, both bilaterally and in multilateral forums on the road to COP2 and beyond. We hope to see commitments from your government on raising climate ambitions ahead of the Climate Leaders Summit that I will host on April 22, 2021, as we work to protect our natural resources and lift millions out of poverty in sustainable ways.

My Administration looks forward to working closely with you and with Brazil to make the region and the world a better place. My warm regards to you, Mr President, and to the Brazilian people, as we begin this new chapter in our bilateral relationship.

Sincerely

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