Em meio ao aumento dos casos e preocupações com a nova variante do coronavírus, Ômicron, o fim de semana na Europa foi marcado por protestos que levaram dezenas de milhares a marcharem por várias cidades no noroeste contra as restrições impostas pelos países. Em Bruxelas, neste domingo, 5, as demonstrações se tornaram violentas e transformaram suas ruas em uma praça de guerra.
A polícia disparou gás lacrimogêneo e usou canhões de água para dispersar os manifestantes que lançavam contra eles pedras e fogos de artifício. Milhares marcharam pacificamente pelo centro da capital belga até o bairro que abriga a sede das instituições da União Europeia, onde a manifestação chegou ao seu ponto final.
Um grupo de pessoas vestindo capuzes pretos e gritando "liberdade" começou a atirar pedras na polícia, que reagiu com gás lacrimogêneo e canhões de água, de acordo com imagens e relatos de jornalistas da agência Reuters. Manifestantes protestavam contra as regras impostas em outubro que obrigam as pessoas a mostrarem passaportes sanitários atestando imunização conta a covid-19 para ter acesso a bares e restaurantes.
"Eu não posso aceitar nenhum tipo de discriminação, e agora há (exigência) o passe de vacina que é discriminatório. Há vacinação obrigatória vindo por aí também", disse um manifestante, o professor de artes marciais Alain Sienaort. "Isso é tudo discriminação, então temos de lutar contra isso. Não queremos uma ditadura."
O protesto seguiu-se a novas medidas anunciadas na sexta-feira para conter uma das maiores taxas de infecção da Europa, incluindo o uso obrigatório de máscara para a maioria das crianças do ensino fundamental e o prolongamento das férias escolares.
Em uma média semanal, 17.862 novos casos diários foram relatados na Bélgica, um aumento de 6% em relação à semana anterior. As internações hospitalares aumentaram 4%. Mais de 3,7 mil pessoas estão internadas com o vírus, 821 delas em Unidades de Terapia Intensiva (UTI). Mais de 27 mil pessoas morreram na Bélgica por causa da covid-19 desde o início do surto no ano passado.
No sábado, dezenas de milhares foram às ruas de Viena pelo o segundo fim de semana de protestos em massa contra a decisão do governo austríaco de impor um novo bloqueio e planejar a obrigatoriedade de vacinação em todo o país na luta contra um aumento acentuado de casos de coronavírus e de mortes.
A multidão foi estimada em cerca de 40 mil pessoas, segundo a polícia de Viena em um tuíte. A manifestação foi em grande parte pacífica, mas a polícia relatou que alguns manifestantes haviam jogado objetos, como fogos de artifício. Houve algumas prisões e a polícia disse ter usado spray de pimenta para tentar dispersar a multidão.
O Partido da Liberdade, de extrema direita, o terceiro maior grupo no Parlamento, liderou a oposição às novas medidas pandêmicas. O partido amplia as teorias da conspiração sobre as vacinas, espalhando dúvidas sobre sua eficácia, enquanto promove a ivermectina, uma droga normalmente usada contra parasitas em animais que falhou repetidamente contra o coronavírus em testes clínicos.
As pessoas carregavam cartazes que diziam: “Eu decidirei por mim mesmo” e “Torne a Áustria grande novamente”, que remete ao slogan de campanha do ex-presidente americano Donald Trump.
Os manifestantes também se reuniram em outras partes da Europa no sábado, principalmente na Holanda. Milhares protestaram na cidade holandesa de Utrecht contra as novas restrições do coronavírus em empresas que estarão em vigor até 19 de dezembro. Duas semanas antes, as marchas holandesas tornaram-se violentas com o plano do governo de proibir a maioria das pessoas não vacinadas de entrar em bares, restaurantes e outros locais públicos.
Os casos caíram drasticamente na Áustria desde 22 de novembro, quando se tornou o primeiro país da Europa Ocidental a impor novamente um bloqueio, permitindo que as pessoas saíssem de casa apenas para trabalhar ou comprar mantimentos ou remédios. Uma onda que começou no verão (Norte) aumentou rapidamente, dando à Áustria o maior número de casos de pandemia e aumento de mortes. O bloqueio está definido para durar até meados de dezembro.
As mudanças vêm depois de meses de tentativas difíceis de conter o contágio por meio de testes generalizados e restrições parciais. A Áustria havia inicialmente colocado um bloqueio apenas sobre aqueles que não foram vacinados.
A Áustria também anunciou que a vacinação se tornaria obrigatória a partir de 1º de fevereiro, tornando-se o primeiro país ocidental a dar esse passo, e um dos poucos ao redor do mundo. Alguns críticos, incluindo o conselho editorial do The Financial Times, disseram que o plano cobra um preço alto demais em termos de liberdade individual e o veem como um sinal de fracasso político.
No sábado, a Áustria estava com uma média de mais de 9 mil novos casos por dia, e a média de mortes diárias de covid atingiu mais de 58, depois de cair para quase zero no meio do ano, de acordo com o projeto Our World in Data da Universidade de Oxford. Cerca de 67% da população está totalmente vacinada, um nível mais baixo do que muitos de seus vizinhos da Europa Ocidental, mas mais alto do que muitos no antigo bloco oriental.
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