A Organização das Nações Unidas (ONU) precisará de pelo menos US$ 41 bilhões no próximo ano para atender milhões de pessoas em dificuldades distribuídas por 63 países. Situação crítica foi potencializada pela covid-19, conflitos e mudanças climáticas.
Conforme explicou o Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários das Nações Unidas (OCHA), nesta quinta-feira, 2, através de um relatório, cerca de 274 milhões de pessoas em todo o mundo poderão precisar de algum tipo de ajuda emergencial em 2022, 17% a mais que 2021 - ano que já foi quebrado um recorde.
Nunca o número de pessoas em vulnerabilidade "foi tão alto", disse Martin Griffiths, secretário-geral adjunto da ONU para assuntos humanitários, durante entrevista coletiva em Genebra, Suíça.
O documento anual divulgado traça um panorama da miséria humana em que o Afeganistão, a Etiópia e a Birmânia se destacam ao lado das mudanças climáticas, que também ocupam grande parte do documento.
A pandemia da covid-19 também teve relevância, empurrando 20 milhões de pessoas para a pobreza, de acordo com os dados. A doença, que em breve entrará em seu terceiro ano, deixou mais de cinco milhões de mortos. Embora, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), esse número pode ser duas ou três vezes maior.
Além disso, o novo coronavírus ajudou a deixar muitos sistemas de saúde no caos, com consequências na luta contra outras doenças mortais, como HIV, tuberculose e malária. Este ano, 23 milhões de crianças não puderam receber tratamentos básicos de imunização.
Ao mesmo tempo, os desastres naturais podem forçar 216 milhões de pessoas a se deslocarem em seu próprio país até 2050. A mudança climática é o que torna a fome "uma possibilidade tão real quanto aterrorizante para 45 milhões de pessoas em 43 países", adverte o relatório.
“Sem uma ação imediata e duradoura, 2022 pode ser catastrófico” em um mundo onde 811 milhões de pessoas estão subnutridas.
No Afeganistão, dois terços da população precisa de ajuda e nove milhões de pessoas estão à beira da fome. A ONU exigirá US $ 4,5 bilhões para atender 22 milhões de afegãos no próximo ano.
Também exigirá bilhões de dólares para ajudar as populações do Iêmen e da Síria, onde a guerra se arrasta há anos.
Mas as necessidades da Etiópia são especialmente preocupantes, desde a ofensiva lançada pelo governo federal contra a região do Tigré. Uma guerra brutal que já dura um ano e que obrigou milhões de pessoas a se refugiarem em outras áreas do país.
Lá, 26 milhões de pessoas dependem da ajuda humanitária e 400.000 estão à beira da fome.
Para Martin Griffiths, a Etiópia pode apresentar a "situação mais preocupante", embora esclareça que, em outras partes do mundo, também ocorrem situações extremamente graves.
No ano passado, organizações humanitárias ajudaram 107 milhões de pessoas, 70% do total necessitado, incluindo meio milhão de pessoas resgatadas da fome no Sudão do Sul.
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