Coreia do Norte e Coreia do Sul restabeleceram nesta segunda-feira, 4, a linha de comunicação transfronteiriça, que estava interrompida desde agosto por decisão de Pyongyang, informou Seul.
O ministério sul-coreano da Unificação afirmou em comunicado que oficiais dos dois países conversaram por telefone durante esta manhã.
A restauração ocorre poucos dias depois de Pyongyang despertar preocupação internacional com uma série de testes de mísseis no período de algumas semanas, o que levou o Conselho de Segurança da ONU a realizar uma reunião de emergência.
"Com a restauração da linha de comunicação Sul-Norte, o governo (de Seul) avalia que uma base foi estabelecida para a recuperação da relação intercoreana", acrescentou a pasta.
"O governo espera (...) retomar rapidamente o diálogo e iniciar discussões práticas para recuperar as relações intercoreanas", destaca a nota.
Horas antes, o líder norte-coreano Kim Jong-Un "expressou a intenção de restaurar as linhas de comunicação Norte-Sul", cortadas há dois meses em protesto contra os exercícios militares conjuntos entre Coreia do Sul e EUA, informou a agência estatal KCNA.
As duas Coreias afirmaram em 27 de julho que todas as linhas haviam sido restauradas.
O anúncio conjunto, que coincidiu com o aniversário do fim da Guerra da Coreia, foi o primeiro fato positivo desde 2018 quando uma série de reuniões entre Kim e o presidente do Sul, Moon Jae-in, terminaram sem qualquer avanço significativo.
Mas a aproximação foi interrompida duas semanas depois, quando o Norte parou de atender as ligações em agosto, em resposta a exercícios militares do Sul com os Estados Unidos.
Desde então, o Norte executou uma série de testes de mísseis, o que provocou grande preocupação na comunidade internacional.
Em setembro, o país lançou um míssil de cruzeiro de longo alcance e também o que anunciou como um míssil hipersônico, que o Sul afirmou que está na fase inicial de desenvolvimento.
Na sexta-feira passada, Pyongyang anunciou o lançamento de um novo míssil antiaéreo.
A Coreia do Norte criticou no domingo a reunião urgente do Conselho de Segurança da ONU para abordar seus testes e acusou os países membros de brincar com uma "bomba-relógio".
O analista Park Won-gon, professor de Estudos Norte-Coreanos na Ewha Womans University, minimizou a importância da restauração da linha de comunicação, que representa apenas um gesto "simbólico".
"Mesmo se isto levar a negociações, poderíamos entrar em uma fase na qual a Coreia do Norte participa do diálogo, mas continua fazendo provocações de forma simultânea", disse Park Won-gon.
Pyongyang cortou de maneira unilateral as comunicações oficiais militares e políticas em junho de 2020, depois que ativistas enviaram panfletos contra o Norte a partir do outro lado da fronteira.
Linhas diretas
As linhas diretas são uma ferramenta rara para fazer a ponte entre os rivais. O Ministério da Defesa de Seul disse que as linhas diretas contribuíram para evitar confrontos inesperados e que a sua reabertura conduziria, espera-se, a um abrandamento substancial da tensão militar.
O Ministério da Unificação, responsável pelos assuntos inter-coreanos, manifestou a esperança de poder retomar em breve o diálogo sobre formas de recuperar as relações e promover a paz.
Ainda não ficou claro se a sua reconexão facilitaria qualquer regresso significativo às conversações destinadas a desmantelar os programas nucleares e de mísseis do Norte em troca do alívio das sanções dos EUA.
Em Washington, um porta-voz do Departamento de Estado norte-americano afirmou que apoia fortemente a cooperação intercoreana, chamando as linhas reconectadas de "uma componente importante na criação de um ambiente mais estável na Península Coreana".
A tensão tinha aumentado desde que as linhas diretas foram cortadas, com a Coreia do Norte alertando para uma crise de segurança ao mesmo tempo em que disparava uma série de novos mísseis, incluindo um míssil hipersônico, um míssil antiaéreo, e um míssil de cruzeiro "estratégico" com potenciais capacidades nucleares.
Os lançamentos sublinharam como o país, isolado, tem constantemente desenvolvido armas cada vez mais sofisticadas, aumentando a tensão nas negociações para a desnuclearização.
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