O primeiro-ministro do Líbano, Hassan Diab, renunciou nesta segunda-feira, 10, após milhares de pessoas irem às ruas nos últimos dias exigindo uma responsabilização das autoridades públicas pela maior catástrofe em tempos de paz na história do país. O premiê anunciou a demissão de seu gabinete dizendo que as explosões no porto são culpa da corrupção endêmica do país.
A explosão de 4 de agosto no porto de Beirute matou 160 pessoas, feriu milhares e desabrigou centenas de milhares. A raiva cresceu em uma nação já severamente familiarizada com décadas de prevaricação governamental, pois a explosão foi causada por 2.750 toneladas de materiais explosivos deixados por seis anos no principal porto do país, apesar dos repetidos avisos de segurança.
- Foto: Reprodução/FacebookHassan Diab
Protestos eclodiram no final da semana passada exigindo uma mudança de regime e a renúncia do primeiro-ministro. Para muitos libaneses, a explosão foi a gota d'água em uma crise prolongada que envolve o colapso da economia, a corrupção endêmica e governos disfuncionais.
Os protestos contra o governo nos últimos dias foram os maiores desde outubro. Os manifestantes também acusaram a elite política de desviar recursos do Estado em benefício próprio. Durante as manifestações, os manifestantes pediram "vingança" contra a classe política totalmente desacreditada após a tragédia.
Eleições antecipadas não são uma das principais reivindicações das ruas, já que o Parlamento é controlado por forças tradicionais que elaboraram uma lei eleitoral cuidadosamente calibrada para servir aos seus interesses. "Todos significa todos", proclamaram nos últimos dois dias os manifestantes. Efígies de muitos deles, incluindo do presidente Michel Aoun e de Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah, foram penduradas em forcas durante os protestos.
"Há apenas uma pessoa que controla este país, é Hassan Nasrallah", afirmou um dos nove deputados que anunciou sua renúncia, Nadim Gemayel. "Para eleger um presidente, nomear um primeiro-ministro (...) você precisa da autorização de Hassan Nasrallah".
O Líbano não é dominado por um governante forte, mas tem vários líderes e partidos que representam os grupos sectários do país e compartilham o poder. Os cargos são distribuídos por cotas entre 18 denominações religiosas, e o Parlamento é meio cristão e meio muçulmano. O primeiro-ministro deve ser sempre um muçulmano sunita, o presidente é um cristão maronita e o presidente do Parlamento, um xiita.
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