A Coreia do Norte disse nesta sexta-feira, 12, que vai reforçar seu programa nuclear em resposta ao que ela considera como promessas não cumpridas pelos Estados Unidos, após dois anos de aproximação diplomática.
No segundo aniversário da cúpula de Cingapura, a primeira realizada pelos chefes de governo dos dois países, o ministro das Relações Exteriores da Coreia do Norte, Ri Son-gwon, anunciou a ameaça em comunicado divulgado pela agência de notícias estatal "KCNA".
"O objetivo estratégico infalível da RPDC (República Popular Democrática da Coreia, nome oficial do país) é criar uma força mais confiável para lidar com as ameaças militares de longo prazo dos EUA", disse.
Ri afirmou ainda que "a esperança de uma melhora nas relações entre a RPDC e os EUA", que era muito grande aos olhos do mundo há dois anos, "agora se transformou em desespero".
A Coreia do Norte tem endurecido sua posição em relação a EUA e Coreia do Sul após o fracasso da cúpula de desnuclearização de Hanói, na qual Washington considerou insuficiente a proposta de desarmamento do regime liderado por Kim Jong-un.
O ministro das Relações Exteriores norte-coreano acredita que os povos americano e do país asiático ainda desejam uma "nova era de cooperação, paz e prosperidade", mas que a situação na península "está piorando a cada dia".
Ri enumerou as concessões de Pyongyang desde a cúpula de Cingapura, como o fechamento do campo de testes nucleares de Punggye-ri, a paralisação de lançamentos de mísseis intercontinentais, a repatriação dos restos mortais dos soldados americanos que faleceram na Guerra da Coreia (1950-1953) e a libertação de americanos detidos no país.
O chanceler acusou Washington de não responder conforme o combinado e considera que a única coisa que o governo dos EUA tem feito até agora "é acumular suas conquistas políticas". Ele então fez uma referência clara às mensagens - e ao tom usado nelas - do presidente Donald Trump no Twitter.
"Nunca mais daremos ao máximo mandatário americano outro pacote para que ele possa ser usado para somar conquistas sem receber nada em troca", ressaltou.
O político norte-coreano também disse que seu país não vê qualquer melhora nos laços bilaterais "simplesmente pelas relações pessoais entre o líder supremo (Kim Jong-un) e o presidente americano" e questionou se o "aperto de mão" de Singapura deve ser mantido.
Por fim, Ri alegou que os EUA estão mirando a Coreia do Norte com "todos os tipos" de armas nucleares e citou a existência de porta-aviões e bombardeiros estratégicos americanos na região, em aparente referência ao B-1, que tecnicamente não está mais equipado com bombas atômicas, mas que Washington voltou a posicionar em maio em sua base aérea em Guam.
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