No quinto dia sem fornecimento estável de energia na Venezuela, começou a faltar água em Caracas. Saques foram registrados na capital e já falta combustível na maior parte do país. As aulas foram canceladas e foi decretado feriado no país em razão da falta de luz. O sistema de celulares também foi afetado e apenas 100 dos 1,8 mil postos de gasolina estão funcionando.
Diante do cenário caótico, o líder opositor Juan Guaidó, que se declarou presidente interino em janeiro, convocou novos protestos para esta terça-feira, 12. A seu pedido, a Assembleia Nacional, controlada pela oposição, decretou “estado de emergência nacional” na Venezuela.
O decreto tem pouco efeito prático, uma vez que o chavismo retirou os poderes do Parlamento controlado pela oposição. Pelo Twitter, Guaidó afirmou que a oposição tentará levar informações sobre os efeitos provocados pelo apagão e oferecer alguma assistência aos venezuelanos. “Amanhã, às 3 horas da tarde, toda a Venezuela nas ruas”, convocou Guaidó. “Não há normalidade na Venezuela e não vamos permitir que se normalize a tragédia.”
O presidente Nicolás Maduro, por sua vez, voltou a atribuir o apagão a uma “guerra elétrica” travada pelos Estados Unidos e disse estar “avançando progressivamente na solução do problema”. Nesta segunda-feira, 11, os efeitos do desabastecimento se tornaram visíveis na capital venezuelana quando dezenas de pessoas recorreram ao poluído Rio Guaire para armazenar água em galões e garrafas.
O apagão afetou a distribuição, pois Caracas fica a 900 metros acima do nível do mar e a água do Reservatório de Tuy tem de ser bombeada para a rede. Para isso, é necessário energia elétrica, o que ocorre de forma intermitente desde quinta-feira.
Mas há meses o abastecimento na cidade está ameaçado, segundo analistas. Com a falta de manutenção, geradores que poderiam entrar em ação em caso de falta de energia também não estão funcionando. Problemas similares aos de Caracas ocorrem nos Estados de Zulia, Anzoátegui, Arágua e Cojedes, diz Norberto Bausson, ex-diretor da Hidrocapital, empresa de água de Caracas.
Segundo o New York Times, a hipótese mais provável para o apagão é um problema nas turbinas da Hidrelétrica de Guri. Além disso, a subestação San Gerônimo B, responsável por levar energia para 80% dos venezuelanos, está paralisada.
Sua substituta, San Gerônimo A, funciona de maneira intermitente. Como falta pessoal qualificado e peças para a manutenção em Guri, o governo já tentou religar as turbinas da hidrelétrica cinco vezes, sem sucesso. A instabilidade tem provocado incêndios em subestações menores. Nesta segunda-feira, 11, um transformador explodiu em Caracas, assustando os moradores da capital.
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