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Donald Trump anuncia que cúpula com Kim Jong-un será em Hanói

"Espero ver o presidente Kim e avançar na causa da paz", disse Trump no Twitter.

O presidente americano, Donald Trump, anunciou ontem que seu próximo encontro com o líder norte-coreano, Kim Jong-un, ocorrerá em Hanói, entre 27 e 28 de fevereiro.

"Meus representantes acabam de sair de uma reunião muito produtiva na Coreia do Norte e foi acertada uma nova data para a segunda cúpula com Kim Jong-un. Será realizada em Hanói, Vietnã, nos dias 27 e 28. Espero ver o presidente Kim e avançar na causa da paz", disse Trump no Twitter. "A Coreia do Norte, sob a liderança de Kim Jong-un, se converterá em uma grande potência econômica", acrescentou.


Trump já havia anunciado a data do encontro na terça-feira (5) durante seu discurso sobre o Estado da União, mas não tinha especificado em qual cidade ele ocorreria.

O enviado dos Estados Unidos para a Coreia do Norte, Stephen Biegun, concluiu nesta sexta-feira uma visita de três dias a Pyongyang e acordou voltar a se reunir com seu homólogo norte-coreano antes da cúpula.

Biegun se reuniu entre quarta e sexta-feira com o enviado norte-coreano, Kim Hyok Chol, para tentar avançar nas negociações sobre "uma desnuclearização completa, a transformação das relações entre Estados Unidos e Coreia do Norte e a implantação de uma paz duradoura na península coreana", declarou o Departamento de Estado em um comunicado.

Ambos "acordaram se reunir de novo antes da segunda cúpula" entre o presidente dos Estados Unidos e o dirigente norte-coreano.

O Vietnã foi escolhido para sediar a próxima cúpula pois é dirigido por comunistas, mas com inclinações capitalistas, e amigo de Estados Unidos e Coreia do Norte.

Assim como a Coreia do Norte, o Vietnã esteve imerso em uma sangrenta e amarga guerra com os EUA. Diferentemente de Pyongyang, Hanói agora conta com Washington entre seus aliados mais próximos, após se recuperar dos estragos da guerra para se tornar uma das economias de mais rápido crescimento na Ásia e um país diplomaticamente experiente.

O Vietnã também preenche muitos requisitos de logística. De Pyongyang, é um voo suficientemente curto para Kim. Do contrário, ele viaja apenas em um trem blindado.

Também abriga as embaixadas dos Estados Unidos e da Coreia do Norte. Ambas poderão se ocupar dos acertos prévios à cúpula.

Hanói goza de laços amistosos com ambos os países e se considera um território "neutro". Diferentemente, por exemplo, do Estado americano do Havaí, também apontado como uma opção.

O Vietnã é um dos poucos países, com os quais a Coreia do Norte tem boas relações.

Os laços diplomáticos entre Hanói e Pyongyang remontam a 1950. A Coreia do Norte enviou pessoal da Força Aérea para o norte comunista durante a Guerra de Vietnã.

O último líder norte-coreano a visitar o Vietnã foi o avô de Kim Jong-un, Kim Il-sung, em 1958.

Embora o comércio tenha diminuído em consequência das sanções da ONU contra Pyongyang, em 2017 alcançou os US$ 7 milhões.

A viagem de Kim ao Vietnã, que será sua primeira, pode ser uma oportunidade para aprender com a transformação econômica do país.

Kim pode estar "interessado em ver pessoalmente o caso do Vietnã, pode ser uma boa fonte de inspiração e reflexão para que pense em como a Coreia do Norte deveria avançar", disse Le Hong Hiep, um especialista em Vietnã do ISEAS-Yusof Ishak Institute, de Cingapura.

O Vietnã também pode ser um lugar de importância estratégica para os Estados Unidos, que atualmente se encontra em uma guerra comercial com China - um dos aliados mais próximos da Coreia do Norte.

Trump pode usar Vietnã para "sinalizar para Pequim que a Coreia do Norte não está em suas mãos". "Temos um contrapeso à influência chinesa nesta área", disse Cheon Seong Whun, pesquisador visitante do Instituto Asan de Estudos Políticos de Seul.

Além disso, Washington está disposto a destacar a história do sucesso econômico do Vietnã, como já fez o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, durante uma visita à Coreia do Norte. "Seu país pode copiar este caminho. É seu, se aproveitar o momento", disse Pompeo em comentários dirigidos a Kim.

O Vietnã se dispôs a sediar a cúpula, pois está ansioso para mostrar seu peso diplomático, após organizar a cúpula de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec) em 2017 e uma reunião regional do Fórum Econômico Mundial no ano passado.

A reunião de Trump-Kim pode dar resultados em mais de um sentido.

Organizar a cúpula pode impulsionar "o status do Vietnã na comunidade internacional, o que ajudaria o país a atrair turismo e investimento estrangeiro", disse Vu Minh Khuong, analista da Escola de Políticas Públicas Lee Kuan Yew, de Cingapura.

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