O ex-presidente da Bolívia Evo Morales condenou na sexta-feira, 15, a repressão a grupos cocaleiros perto de Cochabamba, ação que deixou 8 mortos e 26 feridos, e pediu para que as Forças Armadas e a polícia "parem o massacre".
"Condeno e denuncio ao mundo que o regime golpista que tomou o poder por assalto em minha querida Bolívia reprime com balas das Forças Armadas e da polícia o povo que pede pacificação e a reposição do Estado de direito", escreveu Evo no Twitter.
Ao menos oito pessoas - possivelmente manifestantes de grupos cocaleiros - morreram durante distúrbios perto da cidade de Cochabamba, onde houve graves choques com as forças da ordem.
Condeno y denuncio ante el mundo que el régimen golpista que tomó el poder por asalto en mi querida Bolivia reprime con balas de las FFAA y la Policía al pueblo que reclama pacificación y reposición del Estado de Derecho. Ahora asesinan a nuestros hermanos en Sacaba, Cochabamba.
— Evo Morales Ayma (@evoespueblo) November 15, 2019
Evo pediu às Forças Armadas e à polícia que "parem o massacre" porque "o uniforme das instituições da pátria não pode ser manchado com o sangue do povo".
"Agora, assassinam nossos irmãos em Sacaba, Cochabamba", afirmou o ex-presidente, que está no México, após renunciar à presidência da Bolívia e aceitar o asilo oferecido pelo governo do país.
O ex-presidente ainda classificou como "ditadura" o governo da presidente interina Jeanine ÁñezJeanine Áñez, citando também os opositores Carlos Mesa e Luis Fernando Camacho.
"Para justificar o golpe, Mesa e Camacho nos acusaram de 'ditadura'. Agora sua 'presidenta' autoproclamada e seu gabinete de advogados defensores de violadores e repressores massacra o povo com as Forças Armadas e a polícia como a verdadeira ditadura", disse.
Para justificar el golpe, Mesa y Camacho nos acusaron de "dictadura". Ahora su "presidenta" autonombrada y su gabinete de abogados defensores de violadores y represores, masacra al pueblo con las FFAA y la Policía como la verdadera dictadura. #NoAlGolpeDeEstadoEnBolivia pic.twitter.com/FiDDor2idk
— Evo Morales Ayma (@evoespueblo) November 16, 2019
Evo rejeita acusações
Em entrevista à emissora CNN, Evo Morales afirmou que a única saída para a crise e para pacificar a Bolívia é a realização de uma reunião nacional com todos os setores políticos, com ou sem mediação internacional.
“A melhor forma de pacificar neste momento é uma reunião na qual estejam presentes Camacho, Mesa, Evo, os movimentos sociais e o governo de fato”, afirmou o ex-presidente.
Ele também rejeitou as acusações da presidente interina, Jeanine Áñez, que disse que, se Evo voltar à Bolívia, deverá responder à Justiça pelas irregularidades nas eleições e atos de corrupção.
O ex-presidente questionou “que crime eleitoral eu poderia ter cometido”, ao destacar que nunca pediu nada às autoridades. “Jamais cometi delito”, insistiu Evo. “Por que eles têm tanto medo de nós?", perguntou.
Governo interino quer dialogar com oposição
O governo de transição boliviano anunciou na sexta-feira que buscará dialogar com os setores pró-Evo. Em uma entrevista coletiva no Palácio do Governo em La Paz, o ministro da Presidência, Jerjes Justiniano, afirmou que viajará a Cochabamba para realizar “todos os esforços” para isso.
A autoridade ressaltou que a intenção do governo interino é conseguir se aproximar de todos os setores e não discriminar nenhum.
Questionado sobre a possibilidade de contar com a presença de mediadores para a crise no país, Justiniano disse que já pediram, por meio da chancelaria, que as Nações Unidas enviem uma “equipe especializada em mediação” à Bolívia.
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