A Arábia Saudita confirmou que o jornalista Jamal Khashoggi foi morto no consulado em Istambul, dias depois de insistir que a alegação era sem fundamento. Segundo o governo, cinco oficiais de alto escalão foram afastados e 18 suspeitos de envolvimento foram presos e estão sendo investigados. Nenhum dos detidos foi identificado. A informação foi anunciada na TV pela procuradoria em Riad.
O jornalista, um duro crítico do regime saudita que se exilou nos EUA em 2017, estava desaparecido desde o dia 2, depois de ter entrado no consulado para buscar papéis para seu casamento. O desaparecimento provocou condenações internacionais e estremeceu as relações entre a Arábia Saudita e o Ocidente.
No comunicado, o promotor público do reino disse que uma investigação descobriu que Khashoggi discutiu com homens que estavam no consulado saudita em Istambul, o que causou uma "briga que terminou com sua morte".
O governo disse que as investigações ainda estão em andamento, mas informou que o conselheiro da corte real, Saud al-Qahtani, e o vice-diretor de inteligência, o general Ahmed al-Assiri, foram destituídos de seus cargos. Assiri é um conselheiro próximo do príncipe herdeiro, Mohamed bin Salman.
Um funcionário saudita com conhecimento das investigações, disse que o príncipe Bin Salman não tinha conhecimento dessa operação que resultou na morte do jornalista, mas sabia da instrução geral para trazer os críticos do reino de volta ao país. "Não sabia especificamente dessa operação e certamente não ordenou o assassinato ou o sequestro de ninguém", disse o funcionário sob condição de anonimato. Ele acrescentou que o paradeiro do corpo de Khashoggi é desconhecido, pois seu corpo foi entregue a um "colaborador local".
De acordo com a Agência de Notícias Saudita (SPA), o rei Salman ordenou a reestruturação do serviço de inteligência e a formação de um comitê, sob o comando do príncipe herdeiro, que supervisionará a mudança. A agência acrescentou que o rei ordenou a atualização das regulamentações da agência, o alcance de seus poderes, além de uma avaliação de seus métodos e procedimentos.
EUA
O presidente americano, Donald Trump, considerou nesta sexta-feira, 19, "confiável" a explicação dada pelo governo saudita para a morte de Khashoggi. Falando a repórteres, Trump disse que o anúncio saudita foi "um bom primeiro passo e afirmou preferir que qualquer sanção contra a Arábia Saudita não inclua o cancelamento da compra de armas americanas".
Mais cedo, a polícia da Turquia realizou buscas em uma floresta nos arredores de Istambul e nas proximidades de Yalova, cidade na costa no Mar de Mármara. Autoridades turcas disseram ter gravações de áudio provando que Khashoggi foi morto e esquartejado dentro do consulado por uma equipe de 15 agentes sauditas que havia chegado no mesmo dia para encontrá-lo.
Buscas
Além das buscas pelo corpo do jornalista, os investigadores também retiraram amostras durante as revistas no consulado saudita e na residência do cônsul e tentarão analisá-las em busca de traços do DNA de Khashoggi. A van com registro do consulado que aparece nas gravações também foi examinada para se confirmar se o corpo do jornalista foi transportado nela.
Autoridades ampliaram o foco geográfico da busca após o rastreamento das rotas e paradas realizadas pelos carros que saíram do consulado saudita e da casa do cônsul no dia, quando Khashoggi foi visto pela última vez. Imagens de câmeras de segurança do dia do desaparecimento mostraram que ao menos um veículo com placa diplomática entrou na floresta após sair do consulado, informou o canal turco NTV.
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Governo da Arábia Saudita confirma morte de jornalista
Segundo o governo, cinco oficiais de alto escalão foram afastados e 18 suspeitos de envolvimento foram presos e estão sendo investigados.
Por Estadão Conteúdo
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