O Segredo dos Deuses estreou na noite desta segunda-feira, 11, na emissora TVI. Série que terá 10 episódios acusa a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) de promover o tráfico internacional de crianças.
Ao longo de sete meses, as jornalistas Alexandra Borges e Judite França apontam que a IURD manteve em Lisboa um lar para crianças carentes entre os anos 1980 e 1990. Mães com dificuldades financeiras deixavam seus filhos sob os cuidados da instituição. E a série diz que estas crianças foram colocadas para adoção sem o consentimento de suas famílias biológicas, informou o Estadão.
Duas das crianças que supostamente seriam vítimas deste esquema teriam sido adotadas pelas filhas do bispo Edir Macedo, líder da Universal e dono da Record TV.
- Foto: Facebook/Edir MacedoEdir Macedo
A TVI diz ter identificado dezenas de famílias que dizem ser vítimas de um ‘roubo’. “Estas mães literalmente foram roubadas no que diz respeito aos seus filhos, de quem não sabiam há mais de 20 anos. Esta investigação só foi possível ser conhecida 20 anos depois. Agora, algumas pessoas saíram da Igreja, começaram a ver com distanciamento e guardaram, inclusivamente, documentação original daquela altura, agendas pessoais. É uma história muito grave, de um lar ilegal onde segurança social colocava crianças, e de onde essas crianças desapareceram para serem entregues a bispos e pastores da IURD”, disse Alexandra Borges ao Jornal das 8, da TVI. “Essas iam visitar os filhos e foram forçadas a se desvincular dos filhos. Temos histórias complicadíssimas, são vários casos. Não temos noção da dimensão real desta rede”, completou.
Universal diz ser vítima de ação de ex-bispo
A Igreja Universal do Reino de Deus emitiu nota em que classifica a série da TVI como uma “campanha difamatória e mentirosa”.
Confira a nota divulgada pela IURD em seu site oficial:
Nos últimos dias, a Igreja Universal do Reino de Deus teve conhecimento de que a TVI pretende promover uma campanha difamatória, mentirosa e que não podemos tolerar.
Toda a matéria que a TVI pretende veicular é baseada no relato e colaboração de Alfredo Paulo Filho.
O referido cidadão deixou de colaborar com a Universal no final do ano de 2013, por acordo voluntário das partes.
A sua saída foi motivada pelas suas condutas impróprias, que tornaram insustentável a sua permanência na Igreja Universal do Reino de Deus, não havendo quaisquer condições para que ele prosseguisse com a sua missão espiritual. Ressalvamos que os bispos e pastores têm de manter um comportamento moral irrepreensível, o que não foi o caso de Alfredo Paulo Filho, que assumiu, ele próprio, ter falhado em seus compromissos, nomeadamente com a sua família, com os fiéis e com a Igreja.
Nos termos do acordo de saída assinado, as partes estariam obrigadas a abster-se de quaisquer comentários, uma sobre a outra, quer sobre a relação que mantiveram no passado, quer sobre qualquer outro assunto presente ou futuro.
Acontece que Alfredo Filho tem, sistematicamente, descumprindo com a sua obrigação de sigilo, o que já motivou a instauração de várias ações, de natureza cível e penal, no Brasil.
Inclusive, Alfredo Paulo Filho já foi condenado pelos tribunais brasileiros a indenizar a Universal no valor de R$ 1,7 milhão (um milhão e setecentos mil reais) por danos morais causados por sua campanha difamatória, também tendo sido ordenada a apreensão do seu passaporte pela Polícia Federal brasileira. Atualmente, se Alfredo Paulo Filho regressar ao Brasil, será imediatamente detido.
Ainda assim, e num total desrespeito pelas autoridades judiciais e pela Igreja Universal do Reino de Deus, Alfredo Paulo Filho pretende agora centrar a sua campanha difamatória em Portugal.
Alfredo Filho tem promovido uma campanha altamente caluniosa e falsa, fazendo tábua rasa do acordo que havia assinado, quer relativo à Universal, quer relativo aos seus bispos, pastores e colaboradores, questionando toda a comunidade da Igreja Universal.
Descontente com a recusa da Universal em lhe pagar qualquer quantia, para a qual não existe sequer fundamento, Alfredo Filho resolveu prosseguir essa campanha ofensiva e atentatória à credibilidade e prestígio da instituição nas redes sociais e, mais recentemente, também na televisão.
Essa conduta não poderá passar impune e será devidamente julgada no foro próprio, pelos órgãos judiciais competentes, nos quais Alfredo Paulo Filho será certamente, e uma vez mais, condenado.
O escritório central da Universal já foi contatado e os seus membros, em Portugal e fora do país europeu, apresentarão inúmeras ações contra TVI em Portugal e no exterior.
As adoções de que temos conhecimento ocorreram em Portugal e foram decretadas pelo Tribunal de Família e Menores de Lisboa (capital portuguesa). Aliás, a matéria que será veiculada fala em adoções ilegais decididas pelos tribunais, o que é um evidente contrassenso.
As crianças foram encaminhadas pela Segurança Social e pela Santa Casa de Misericórdia de Lisboa para um Lar – que evidentemente à época não era ilegal –, e vários pais adotivos se candidataram a adotá-las. Contam-se pelos dedos de uma mão as crianças que foram adotadas por essa via – com decisão judicial, sublinhe-se – por casais ligados à Universal.
Alguns dos agora adultos que foram então adotados já nos contataram e gravarão um depoimento que esclarecerá se foram ou não raptados, e em que condições se encontram.
A própria TVI já nos confirmou que não consultou o processo judicial em que três crianças foram adotadas, o que diz muito de até onde quis ir a investigação.
Os culpados por essa campanha irão ser chamados à Justiça, onde o assunto será tratado.
Lisboa, 11 de dezembro de 2017.
Igreja Universal do Reino de Deus
Ver todos os comentários | 0 |