O Maranhão vai sofrer um terremoto político com a aceitação parcial, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), de uma denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) que envolve deputados federais em um esquema de corrupção relacionado à destinação de emendas parlamentares. O voto do ministro Cristiano Zanin, relator do caso e acompanhado pelos demais membros da Primeira Turma, detalha a solicitação de propina para direcionar recursos federais a municípios maranhenses. Zanin afastou alegações de cerceamento de defesa e inépcia da denúncia, afirmando que a acusação apresentou "relatórios, documentos, planilhas e depoimentos" que informaram os acusados sobre as imputações.
A denúncia foi aceita contra Josimar Cunha Rodrigues, mais conhecido como Josimar Maranhãozinho, por corrupção passiva e liderança em organização criminosa; Gildenemir de Lima Sousa, mais conhecido como Pastor Gil, e João Bosco da Costa, por corrupção passiva e participação em organização criminosa; João Batista Magalhães (ex-assessor parlamentar), por corrupção passiva e participação em organização criminosa; Antônio José Silva Rocha (ex-prefeito de Água Doce), Adones Gomes Martins (irmão de Abraão) e Abraão Nunes Martins Neto (policial militar reformado), por corrupção passiva; e Thalles Andrade Costa (filho de Bosco Costa), por participação em organização criminosa. A denúncia contra Hilton Ferreira Neto foi rejeitada. O julgamento virtual ocorreu entre os dias 28 de fevereiro a 11 de março deste de 2025.
O esquema, segundo a denúncia, ocorreu entre janeiro e agosto de 2020, quando os deputados Josimar Maranhãozinho, Pastor Gil e João Bosco da Costa, com auxílio de outros, solicitaram R$ 1.667.750,00 ao então Prefeito de São José de Ribamar/MA, José Eudes Sampaio Nunes, para destinar R$ 6.671.000,00 em verbas federais ao município. A PGR aponta que o valor da propina correspondia a 25% do total destinado. As emendas envolvidas foram a de Josimar Maranhãozinho (R$ 1.500.000,00), a do Pastor Gil (R$ 1.048.000,00) e a de João Bosco da Costa (R$ 4.123.000,00), todas para a saúde pública do município.
A denúncia é sustentada por depósitos bancários, apreensões de materiais, mensagens trocadas entre os acusados, depoimentos e o relatório da investigação policial. A investigação aponta que Josimar Maranhãozinho coordenava a destinação das emendas, e que os três deputados atuaram em conjunto para solicitar a propina ao prefeito. Em conversas, Pastor Gil consultou Josimar sobre a destinação de recursos, e Josimar defendeu a inclusão de São José de Ribamar em uma lista de municípios beneficiados.
Com a aceitação da denúncia, o STF inicia a instrução criminal, onde as provas serão aprofundadas e os acusados poderão se defender. O caso tem grande potencial para impactar a política maranhense, e a sociedade aguarda a apuração dos fatos e a punição dos responsáveis.
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