Eles estão à frente de duas grandes nações vizinhas, mas seus perfis ideológicos não radicalmente distintos. O governo do libertário argentino Javier Milei e o do esquerdista Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do Brasil, divergem em quase todos os aspectos. Esse contraste adiciona um capítulo singular à complexa relação entre as duas maiores economias da América do Sul. As informações são da Gazeta do Povo.
Enquanto o Brasil enfrenta inflação crescente, desvalorização do real e aumento do déficit fiscal, a Argentina dá sinais de recuperação econômica sob a gestão de Milei. Seu governo adotou austeridade fiscal e redução do tamanho do Estado, revertendo anos de crise. O peso argentino teve uma valorização real de 44,2% em 2024, segundo a GMA Capital, enquanto o real caiu 21,8%, quase rivalizando com a Venezuela, segundo a Austin Rating.
No campo da segurança, Milei endurece contra o crime organizado, enquanto Lula aposta em políticas de desencarceramento e foco em programas sociais. Essas diferenças refletem visões opostas sobre o papel do Estado. Para Milei, o governo deve ser mínimo, enquanto para Lula é um instrumento central de promoção de justiça social e crescimento econômico.
Políticas econômicas: ajuste fiscal x gasto público
Milei aposta em cortes drásticos nos gastos públicos e privatizações, dentro de seu plano “motosserra”. Em um ano, seu ajuste fiscal trouxe resultados: desaceleração da inflação e fim da recessão. Já Lula enfrenta uma crise de confiança nos mercados. Sua flexibilização fiscal abriu espaço para aumento de despesas, levando o dólar a ultrapassar R$ 6 e as estatais a voltarem ao vermelho.
Para o cientista político Márcio Coimbra, “o libertarianismo de Milei contrasta com o populismo de esquerda de Lula. Enquanto o Brasil aprofunda seus problemas econômicos, a Argentina colhe os primeiros frutos de uma guinada radical.”
Diplomacia: caminhos divergentes
No cenário internacional, Milei prioriza relações com democracias ocidentais, como Estados Unidos e Israel, e critica regimes autoritários como Cuba e Venezuela. Lula, por sua vez, reforça alianças com China e Rússia, além de defender o fortalecimento do Mercosul e do Brics. Essas posturas afetam a integração regional e as políticas comerciais de ambos os países.
Com a vitória de Donald Trump nos EUA, a aproximação com Milei deve se intensificar, enquanto a relação com Lula tende a enfrentar novas tensões, especialmente na agenda ambiental.
Costumes e segurança pública: conservadorismo x progresso social
No campo dos costumes, Milei adota uma postura conservadora, criticando pautas identitárias e afirmando valores tradicionais. Apesar disso, ainda não buscou alterar a legalização do aborto na Argentina. No Brasil, Lula promove políticas de inclusão e direitos reprodutivos, mas enfrenta resistência de setores conservadores.
Na segurança, as diferenças são marcantes. Milei adota uma linha dura contra o crime, enquanto Lula busca um equilíbrio entre repressão e políticas sociais. Essa abordagem centralizadora gera debates sobre eficiência e eficácia.
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