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Internacional

Avião da FAB parte em busca de brasileiros que fugiram do conflito

Cargueiro vai resgatar brasileiros e estrangeiros que estão na Polônia e escaparam da guerra na Ucrânia.

O avião para resgatar brasileiros e estrangeiros que escaparam da guerra na Ucrânia decolou ontem da Base Aérea de Brasília. O KC-390 da Força Aérea Brasileira (FAB), um cargueiro multifuncional, transportará 64 pessoas da Polônia para o Brasil. Entre os passageiros, há 40 brasileiros, 23 ucranianos e um polonês. A previsão é que também sejam transportados seis cachorros, conforme dados do governo federal.

Há possibilidade de a lista ser ampliada, a depender de solicitações diplomáticas e consulares do Ministério das Relações Exteriores. Apesar de pedidos feitos por países sul-americanos, eles não foram atendidos por enquanto. A configuração do avião tem capacidade para 72 passageiros, além dos 16 tripulantes.


Inicialmente, a FAB havia colocado de prontidão duas aeronaves KC-390, o mais moderno cargueiro da frota. No entanto, de acordo com militares, apenas uma decolou porque seria o suficiente para atender a demanda atual. Os custos da operação não foram revelados.

Ajuda

Na ida, o avião leva uma carga de 11,6 toneladas de ajuda humanitária, solicitada por diplomatas ucranianos. Entre os equipamentos doados, estão 50 purificadores de água, alimentos desidratados e insumos médicos, cedidos pelo Ministério da Saúde.

Por causa dos protocolos da covid-19, um médico sanitarista também acompanha a missão. O avião, conforme plano de voo, fará escalas em Recife (PE), Cabo Verde e Portugal, antes de chegar a Varsóvia, na Polônia. A previsão de retorno é na quinta-feira.

A cerimônia de decolagem contou com a presença dos ministros da Defesa, Braga Netto, da Saúde, Marcelo Queiroga, da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, e do secretário-geral das Relações Exteriores, embaixador Fernando Simas Magalhães. Eles não concederam entrevistas.

A operação de repatriação é uma das tentativas do governo Jair Bolsonaro de emplacar uma agenda positiva relacionada à guerra. Ela foi organizada pelos ministérios depois de pressão popular sobre a demora do governo em prestar assistência consular à comunidade brasileira na Ucrânia.

Até a deflagração do conflito, com a invasão da Ucrânia pela Rússia, em 24 de fevereiro, não havia orientação para que os brasileiros deixassem o território ucraniano, como recomendavam as potências ocidentais, e o governo brasileiro apostava, ao menos em público, numa desmobilização de tropas russas.

Nos primeiros dias de guerra, a orientação do Itamaraty era para que, quem quisesse, buscasse sair do país por meios próprios. Na ocasião, o Ministério das Relações Exteriores disse que não tinha condições de preparar um resgate.

Crise

Tudo mudou depois da deterioração das condições de segurança, com bombardeios em diversas cidades, inclusive a capital ucraniana. Houve reforço da equipe, com deslocamento de mais diplomatas para o Leste Europeu e auxílio direto com transporte por meio de trens. O governo brasileiro também transferiu diplomatas de Kiev, esvaziando a embaixada, para a linha de fronteira com Moldávia e Polônia, a fim de facilitar a saída.

Em discurso, o ministro Braga Netto disse que, desde o início do conflito, o Brasil tomou “medidas concretas”, segundo diretrizes de Bolsonaro. O general afirmou que a comunidade internacional “sempre poderá contar com o espírito acolhedor do povo brasileiro”.

“O Brasil tem vocação acolhedora e oferece socorro na redução do sofrimento alheio. A diplomacia e as Forças Armadas brasileiras têm o histórico e o sacerdócio de amenizar a dor das pessoas em situações de conflito ou calamidades, levar calor humano e compartilhar a esperança e a fé na paz no mundo”, disse o ministro, único a discursar.

Ontem, em novo sinal de distanciamento em relação a Bolsonaro, o vice-presidente Hamilton Mourão elogiou o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski ao dizer que ele é uma liderança “capaz e eficiente”. Bolsonaro tem sido cobrado a adotar posição mais firme para condenar a guerra iniciada por Putin. A suposta “isenção” tem sido interpretada como apoio velado aos russos.

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