No dia 21 de fevereiro do ano passado, criminosos vestidos com uniformes táticos da polícia chilena invadiram um apartamento em Santiago, no Chile, e sequestraram Ronald Ojeda na frente da esposa e do filho de 6 anos. O ex-militar venezuelano, de 32 anos, era dissidente da ditadura de Nicolás Maduro e vivia sob asilo no Chile. Segundo o jornal The New York Times, ele foi levado do local vestindo apenas uma cueca. Recentemente, havia sido rotulado como traidor pelo governo venezuelano. Sua esposa relatou que um dos sequestradores tinha sotaque venezuelano.

Nove dias depois, a polícia encontrou o corpo de Ojeda dentro de uma mala de mão, enterrada sob camadas de concreto e cal viva, usadas para acelerar a decomposição. Após um ano de investigação, as autoridades chilenas afirmam ter provas que indicam o envolvimento do governo Maduro no assassinato. No entanto, o regime venezuelano nega as acusações e alega que o Chile está encobrindo uma suposta operação de “bandeira falsa”.

Os promotores chilenos acusaram 19 pessoas pelo assassinato, a maioria ligada ao grupo criminoso venezuelano Tren de Aragua. Três testemunhas afirmaram que o governo Maduro contratou a gangue para executar Ojeda. Uma delas declarou ainda que Diosdado Cabello, um dos principais aliados de Maduro, ordenou pessoalmente a execução.

A ministra do Interior do Chile, Carolina Tohá, informou que os investigadores descartaram hipóteses como extorsão e disputa entre gangues. “Ainda não está provado, mas as evidências apontam para um assassinato político”, declarou.

Em resposta à investigação, Caracas fechou consulados chilenos e suspendeu as relações diplomáticas com o país. O caso surge em um momento em que os Estados Unidos negociam com Maduro um acordo para deportar venezuelanos sem documentos.