Sara Nascimento
Os jogadores Lucas Paquetá, ex-Flamengo, e Luiz Henrique, ex-Botafogo, voltam a ser os principais alvos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas do Senado Federal. Os atletas são investigados por possível envolvimento em um esquema de manipulação de cartões por meio de apostas em sites de apostas esportivas. A informação foi revelada pelo jornalista Lauro Jardim, da revista Veja.
Após a prorrogação de 45 dias das atividades da CPI, os jogadores serão convocados a depor no Senado. O adiamento das atividades legislativas foi uma estratégia para "driblar" a defesa de Lucas Paquetá, que pediu para que o jogador não falasse com as autoridades brasileiras até que seja julgado pela Federação Inglesa de Futebol (FA).
O julgamento está previsto para março e pode resultar em punições esportivas para o atleta, incluindo o banimento do futebol. Por outro lado, a CPI busca esclarecimentos que podem levar a um processo criminal. Paquetá já era alvo da comissão para depor e, recentemente, Luiz Henrique também passou a ser investigado pelo possível envolvimento no esquema.
Suspeitas sobre Lucas Paquetá
O meio-campista Lucas Paquetá, atual jogador do West Ham, está no centro da investigação após registros indicarem que ele teria forçado a aplicação de cartões amarelos em diversas partidas da Premier League. Os dados analisados revelam que apostas expressivas foram realizadas em mercados que envolviam cartões amarelos recebidos pelo atleta, e os ganhos dessas apostas foram direcionados para pessoas ligadas a ele.
Entre os envolvidos no esquema está Bruno Tolentino, tio de Lucas Paquetá, que aparece como um dos principais beneficiários das apostas suspeitas. Segundo os relatórios da CPI, Tolentino movimentou mais de R$ 839 mil em apostas, sendo parte desse valor resultante das advertências recebidas pelo jogador em campo.
Ligação de Luiz Henrique com as transações financeiras suspeitas
Luiz Henrique, atacante que passou pelo Botafogo e atualmente joga no Zenit, da Rússia, se tornou alvo da investigação após a CPI identificar um comprovante de pagamento via Pix de R$ 30 mil feito por Bruno Tolentino para o jogador logo depois de um jogo em que ele recebeu cartão amarelo. Esse pagamento levanta a hipótese de que o atleta teria participado do mesmo esquema investigado no caso de Paquetá.
Outro alvo da investigação é William Rogatto, conhecido como “rei do rebaixamento”. Rogatto é manipulador de resultados confesso, preso pela Interpol em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. De acordo com Lauro Jardim, a comissão recebeu informações de que o apostador preso será deportado para o Brasil em breve e poderá depor para os senadores da câmara.
Posição do Senado
O presidente da CPI, Jorge Kajuru (PSB-GO), detalhou conversas que familiares de Lucas Paquetá tiveram sobre a manipulação dos cartões. Segundo o senador, a esposa do meia, a influenciadora Maria Eduarda Fournier, foi contra a atitude do jogador de enviar dinheiro para familiares.
Sobre a participação de William Rogatto, Jorge Kajuru se mostrou animado com a possibilidade de o apostador depor e colaborar com as investigações. “Ele prometeu que, se pudesse fazer delação premiada, iria antecipar para nós e entregar o computador dele com tudo dos ‘tubarões’, e não só dos ‘lambaris’”, completou o senador, fazendo referência ao fato de que o depoimento de Rogatto poderia entregar nomes de peso envolvidos no esquema.
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