A juíza Cristina Junqueira, da Comarca de Venâncio Aires, concedeu liberdade provisória a Willian Cavalheiro Ribeiro, jogador da equipe do São Paulo, de Rio Grande, que agrediu o árbitro Rodrigo Crivellaro durante uma partida da Divisão de Acesso do Rio Grande do Sul na noite desta segunda-feira, 4.
A partida que foi interrompida após o caso de violência foi concluída na tarde desta terça-feira, 5, no Estádio Edmundo Feix. Com a decisão, o agressor, que estava na Penitenciária Estadual de Venâncio Aires (Peva), foi liberado. Representante do Ministério Público (MP) garantiu que irá recorrer da decisão ao Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS). Assim que o inquérito policial estiver concluído, a Promotoria deve oferecer denúncia contra o agressor.
Na audiência de custódia que definiu a soltura do jogador, o promotor de Justiça, Pedro Rui da Fontoura Porto, pediu o seguimento da detenção, entendendo que o ato foi considerado grave já que houve, segundo as autoridades, tentativa de homicídio qualificado por motivo fútil.
Willian Ribeiro já possui antecedente criminal, segundo a assessoria de imprensa do São Paulo, de Rio Grande. O atleta agrediu um torcedor do próprio clube no último dia 6 de setembro. Num primeiro momento o jogador foi afastado e a direção do clube o reintegrou ao elenco. Desta vez, após a agressão durante o jogo, houve a rescisão definitiva do contrato.
Na tarde desta terça, o árbitro Rodrigo Crivellaro prestou depoimento à polícia. Quem apura as circunstâncias da investigação é o delegado Felipe Cano, uma vez que a decisão foi tomada em regime de plantão, primeiramente com prisão em flagrante do jogador.
"Buscamos mais elementos para fundamentar a decisão do delegado anterior, Vinícius Lourenço de Assunção; ou ainda para tomar outra decisão no final do procedimento", declara Cano. O árbitro foi encaminhado ao Departamento Médico Legal para realizar exames médicos para que se aponte a real extensão das lesões sofridas durante o confronto pela Divisão de Acesso do Campeonato Gaúcho.
No seu depoimento, Crivellaro pouco se recorda do acontecimento, tanto que perdeu a consciência após apresentar um cartão amarelo e posteriormente ser agredido. "Disse que nunca teve contato com o atleta, portanto o fato ocorreu sem que houvesse desavenças anteriores. Precisamos de embasamentos técnicos e dos médicos para que se possa ter uma noção se estamos diante de uma tentativa de homicídio ou de crime de lesão corporal", observa o delegado. Foram ouvidas testemunhas como representantes da Federação Gaúcha de Futebol e atletas presentes no embate que terminou com vitória a favor do time da casa.
Os 31 minutos da partida paralisada na noite de segunda-feira foram disputados na tarde desta terça. O Guarani manteve o escore de 1 x 0 e se manteve com chances de classificação na fase eliminatória da Divisão de Acesso gaúcha. O adversário também segue com possibilidades de avançar.
Crivellaro: 'Foi um grande susto'
A agressão durante a Divisão de Acesso do Rio Grande do Sul feita por Willian Cavalheiro Ribeiro, 30 anos, jogador do São Paulo, de Rio Grande. O lance capital ocorreu durante a noite de segunda-feira, 4, aos 14 minutos do segundo tempo, no Estádio Edmundo Feix, em Venâncio Aires, três minutos depois de o Guarani, time local, marcar 1 x 0. O jogo era válido pela antepenúltima rodada da fase inicial do Campeonato Gaúcho da segunda divisão.
Após receber um cartão amarelo por reclamação, Willian se dirigiu ao árbitro Rodrigo Crivellaro e desferiu um soco à autoridade da partida. Ao cair, o atleta chutou a nuca do juiz, enquanto estava caído no chão. Desacordado, os jogadores de Guarani e São Paulo-RG chamaram com urgência o médico e a ambulância. Willian foi levado ao vestiário e cerca de 30 minutos depois foi conduzido pela polícia à delegacia.
O médico Sandro Hansel, responsável pelo atendimento, disse que Crivellaro ficou desacordado por cerca de um minuto ainda no gramado. Até a chegada da maca, foi colocado na ambulância até recuperar os sentidos e ser conduzido ao Hospital São Sebastião Mártir. "No campo chamei ele pelo nome e perguntei como estava. Ele não lembrou do acontecido, inclusive questionou se estava em Bagé (cidade que possui outro time chamado Guarany e que também participa da competição", contou Hansel, médico do Guarani de Venâncio Aires.
No hospital, Crivellaro passou por uma tomografia que constatou lesão leve na medula. Hansel acredita que o árbitro leve de duas a três semanas para retirar o colete cervical, usado para imobilizar o pescoço. Durante a terça-feira, 5, ele permaneceu num hotel da cidade, retornando no início da noite para Santa Maria, onde reside. O quarto árbitro do jogo, Tiago Rodrigues, almoçou com Crivellaro e, segundo ele, se recupera bem. "Ele está caminhando normalmente e muito consciente".
Procurado pela reportagem, o árbitro agredido disse que não tem permissão para falar sobre o episódio no gramado para não atrapalhar na averiguação do caso, mas falou sobre sua recuperação. "Foi um grande susto. Agradeço pela torcida de todos pela minha recuperação", resume.
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