O cantor Seu Jorge deu a primeira entrevista sobre os ataques racistas que sofreu durante uma apresentação no clube Grêmio Náutico União (GNU), em Porto Alegre (RS), e falou sobre as alegações de Paulo José Kolberg Bing, presidente do clube, após a repercussão do caso.
Em áudio vazado nas redes sociais na última terça-feira, 18, Paulo atribuiu à roupa usada pelo artista e um gesto político supostamente feito por Seu Jorge os motivos para que ele fosse desrespeitado pelo público.
Em entrevista concedida ao Fantástico neste domingo, 23, o cantor defendeu que não existe justificativa para o racismo. “Eu acho que não estamos tratando de política aqui, nós estamos tratando de uma violência que não cabe mais no Brasil”, disse.
Sobre o moletom azul que teria usado na apresentação, Seu Jorge afirmou que discutir a roupa que ele estava vestindo é discutir “futilidades”. “O que é importante é a mensagem que eu estou dizendo”, pontuou.
O GNU chegou a enviar uma nota ao programa alegando que o áudio foi enviado a um grupo interno de diretoria e “deve ser contextualizado”.
Seu Jorge só percebeu ataques após vídeo ter sido publicado nas redes sociais
Ao Fantástico, Seu Jorge ainda contou sobre o momento em que percebeu as agressões racistas e disse que só tomou conhecimento disso quando o vídeo do momento foi publicado nas redes sociais.
Na ocasião, o cantor havia chamado um jovem negro para tocar no palco e fez um discurso sobre a redução da maioridade penal. Ele achou ter recebido apenas vaias.
“Entendo que, quando a gente trata da redução da maioridade penal, o foco atingido é a população jovem negra”, afirmou ao programa.
O artista ainda citou uma fala da escritora Elisa Lucinda: “Ninguém confunde a Eliana com a Xuxa, a Grazi Massafera com a Gabriela Prioli, mas a gente [a população negra] é preso confundido, é morto confundido”.
Por fim, Seu Jorge disse ser “um africano nascido no Brasil” e alegou que o País possui uma dívida para com a população negra. “Tenho um amor muito grande pelo meu País, pela minha Nação, mas entendo que existe um atraso e uma dívida muito grande no Brasil para com o povo afrodescendente”, finalizou.
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