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Eleições 2022

Terceira via e candidaturas de centro se tornam decisivas em caso de 2º turno

Votos do centro, com Ciro Gomes, Simone Tebet, Soraya Thronicke e Luiz Felipe d’Avila, farão diferença.

O centro político iniciou o ano eleitoral de 2022 mobilizado na busca de um nome que reunisse forças partidárias suficientes para fazer frente à polarização que já se apresentava entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL). Apesar do discurso favorável a uma união, candidaturas e pré-candidaturas ficaram pelo caminho.

As pesquisas indicam que os candidatos alternativos e a chamada terceira via não têm força eleitoral para quebrar essa dualidade, mas deverão ser fundamentais se a disputa seguir para o segundo turno. Juntos, Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB), Soraya Thronicke (União Brasil) e Luiz Felipe d’Avila (Novo) somaram porcentuais que variam entre 12% e 13%, segundo as mais recentes pesquisas de intenção de voto, divulgadas neste sábado, 1º pelos institutos Ipec (ex-Ibope) e Datafolha.


Esses votos serão disputados por Lula e Bolsonaro se o resultado das urnas apontar para uma definição em segundo turno. As pesquisas divulgadas no sábado mostram um cenário incerto. O Ipec apontou 51% das intenções de votos para Lula, e 37% para Bolsonaro. No Datafolha, os índices são 50% para o petista e 36% para o presidente. A disputa se define no primeiro turno se um candidato tiver maioria, ou seja, somar 50% dos votos válidos, mais um.

Nos debates em que os candidatos estiveram frente a frente, Lula fez acenos a Ciro e a Simone – ainda que ambos tivessem feito duras críticas às gestões petistas, inclusive com denúncias de corrupção. Nos bastidores, interlocutores do PT também conversam com nomes do PDT e do MDB – uma ala do partido, inclusive, já declarou voto no petista no primeiro turno.

Já Bolsonaro impossibilitou qualquer diálogo que poderia estabelecer com Soraya, ao expor a candidata no debate promovido pela TV Globo. Em 2018, a senadora foi eleita declarando apoio ao então candidato à Presidência. No entanto, fez “tabelinha” com Felipe d’Avila, o que deixa aberta a possibilidade de aliança.

Apesar de preferir o termo “alternativas à polarização” à expressão terceira via, Paulo Hartung, ex-governador do Espírito Santo e um dos articuladores do movimento, disse acreditar que o grupo terá peso se a eleição presidencial seguir para segunda etapa. “Essas candidaturas alternativas são muito fortes no segundo turno porque elas estão amealhando um apoio que parece pequeno, mas que pode ser aquilo que pode ser decisivo no segundo turno”, afirmou.

Para Hartung, a democracia brasileira ainda precisa amadurecer para que as chamadas adesões, comuns no cenário do segundo turno, sejam coalizões. “A nossa democracia não amadureceu para formar coalizões políticas, a nossa democracia ainda está no estágio das adesões políticas. Nós precisamos trocar as adesões políticas pelas coalizões”, disse o ex-governador.

Ele mencionou como referência os social-democratas na Alemanha que ganharam por margem pequena e tiveram de se aliar aos liberais, seus opostos, e aos verdes para chegar a um programa com pontos de convergência. “Isso chama-se coalizão”, disse. “Algumas forças políticas brasileiras em particular gostam de adesão, gostam de serem apoiadas, mas nós precisamos parar com isso e trocar apoio político, por rumo programático.”

Os candidatos da terceira via, entre elas Simone e Soraya, que são senadoras pelo Mato Grosso do Sul, encerraram suas campanhas neste sábado em São Paulo – a exceção foi Ciro Gomes, que foi para o Ceará, seu reduto eleitoral.

Simone Tebet participou de um evento na quadra da escola de samba Caprichosos do Piqueri, na zona norte da capital. Em rápida entrevista, ela comemorou seu desempenho na disputa. “Saí de 70% de desconhecimento para 70% de conhecimento, o que não é pouca coisa em apenas 45 dias de campanha. É algo inédito. Saí de uma rejeição maior para a menor rejeição entre todos os candidatos”, afirmou a senadora, que evitou falar sobre quem vai apoiar no 2.° turno. “Não sei onde estarei daqui duas horas”. Depois do ato, Simone seguiu para o Mato Grosso do Sul, onde vota.

Ciro Gomes participou de uma carreata em Fortaleza ao lado de seu candidato ao governo do Estado, Roberto Cláudio (PDT). O presidenciável vota no domingo em Sobral.

Soraya fez uma caminhada no Mercado Municipal, em São Paulo, e encerrou a agenda no Edifício Copan, onde posou para fotos em frente ao Bar da Dona Onça. Ao falar com jornalistas, criticou tanto Bolsonaro, a quem chamou de “mentiroso”, quanto Lula, apontado como “corrupto”. “Os candidatos que estão liderando as pesquisas somam 20 anos de má gestão e de corrupção”, disse.

Luiz Felipe d’Avila se manteve ativo nas redes sociais e fez campanha em São Paulo. O candidato do Novo fez uma série de publicações no Twitter, nas quais pede voto também para os candidatos de seu partido ao Legislativo. “Não será um presidente que vai salvar o País. Precisamos também de um Congresso forte e comprometido com o futuro do Brasil”, afirmou em uma das mensagens.

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