Os veículos de comunicação UOL, Bandeirantes, Folha de São Paulo e TV Cultura realizaram na noite deste domingo (16), o primeiro debate do segundo turno entre os presidenciáveis Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O encontro acontece duas semanas antes da votação do segundo turno marcada para o dia 30 de outubro.
O debate foi dividido em três blocos e teve perguntas feitas por jornalistas dos veículos de comunicação que organizaram o evento, além de embates diretos entre os candidatos.
Nos embates, os presidenciáves trocaram acusações sobre corrupção e fake news, e também discutiram sobre a vacinação na pandemia de covid-19 e o orçamento secreto.
Primeiro bloco
No primeiro bloco, cada candidato, por ordem de sorteio, teve um minuto e meio para responder a mesma pergunta feita pelos mediadores. Em seguida, houve um confronto direto entre eles. Cada um teve 15 minutos para perguntas, respostas, réplicas e tréplicas ao oponente.
A primeira pergunta feita aos candidatos foi sobre Orçamento. Os dois candidatos se atacaram simultaneamente. Bolsonaro disse que o PT é contra medidas sociais, enquanto Lula lembrou que o presidente tentou aprovar um auxílio emergencial de R$ 200,00.
No embate direto, Lula falou sobre a reconstrução do Brasil, tanto do ponto de vista da democracia quanto da economia e questionou Bolsonaro sobre o número de escolas técnicas e universidades abertas no governo atual. Jair Bolsonaro não respondeu a pergunta e disse que Lula deu poucos recursos por meio do Bolsa Família.
Lula afirmou que o Bolsa Família não era a única forma de inclusão social do governo PT e listou algumas medidas tomadas quando esteve à frente da Presidência.
Em seguida, o candidato Lula questionou o presidente se ele sentia responsabilidades pelas mortes de brasileiros por covid-19. Jair Bolsonaro declarou que o Brasil teve vacinas e não atrasou os imunizantes. Bolsonaro também criticou o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta e a CPI da Covid por não tratar de determinados temas.
Logo depois, Bolsonaro trocou de assunto e perguntou sobre a transferência de Marcola em 2006. Em resposta, Lula lembrou que no governo dele foram construídos cinco presídios de segurança máxima. O petista também citou Marielle Franco e acusou o crime organizado de ser o responsável pelo assassinato da vereadora.
Bolsonaro então lembrou que a maioria dos presos votaram em Lula no primeiro turno. Já Lula citou sua visita ao Complexo do Alemão e disse que não foram só os presos que votaram nele, mas o povo.
Por fim, o atual presidente disse que Lula negou água aos "irmãos nordestinos" e citou a transposição do Rio São Francisco. O petista afirmou que foi ele quem fez 88% das obras da transposição do Rio São Francisco, enquanto o atual governo fez 3%.
Segundo bloco
No segundo bloco, quatro jornalistas dos veículos de imprensa que organizam o debate fizeram perguntas programáticas para os candidatos à presidência, e ambos responderam o mesmo questionamento.
A primeira jornalista perguntou sobre a separação entre os poderes da República e se o presidente eleito respeitará essa independência. Em sua resposta, Lula disse que ministros da Corte devem ter "currículo, história biografia e fazer o que deve ser feito". Já Bolsonaro disse que se compromete a não alterar a composição do STF, mas pontuou que o PT "tem sete ministros indicados", enquanto ele tem dois. Bolsonaro disse ainda que Lula só é candidato porque um "ministro que foi cabo eleitoral de Dilma" e se tornou ministro por indicação da petista.
A segunda pergunta foi sobre Economia, Auxílio Brasil e privatizações. Bolsonaro disse que a pandemia de covid e a guerra entre a Rússia e a Ucrânia foram responsáveis pela alta no preço dos combustíveis e que ele sancionou a redução do teto do ICMS, o que "puxou" o preço dos produtos de cestas básicas "para baixo", e que o país "tem uma das gasolinas mais baratas do mundo". Ao responder, Lula questionou "em que mundo Bolsonaro está" porque o Brasil hoje "só refina 80% da gasolina que usa, enquanto em seu governo o refinamento era de 100%". O petista disse ser contra a privatização da Petrobras, proposta chamada de uma "loucura".
A pergunta seguinte foi sobre se comprometer em criação de lei para punir servidores que divulgam fake news. O petista pontuou que seu adversário divulga informações falsas reiteradamente e lembrou que as vezes em que concorreu com nomes como Geraldo Alckmin e José Serra eram campanhas "limpas". Já Bolsonaro disse que o PT mentiu na divulgação de vídeo em que o candidato disse ter "pintado um clima" entre ele e adolescentes venezuelanas no Distrito Federal e destacou decisão do TSE para retirar postagens do ar.
No fim do terceiro bloco, Bolsonaro foi questionado sobre a relação com o legislativo. Ele negou ter comprado o apoio de deputados e senadores com o uso de verbas do orçamento secreto e disse que não tem "nada a ver com esse orçamento secreto". Lula afirmou que confrontará o orçamento secreto do governo Bolsonaro com a criação de um "orçamento participativo".
Terceiro bloco
No terceiro e último bloco, os políticos responderam uma pergunta programática feita por um dos jornalistas dos veículos de comunicação. Depois, o debate contou com um novo confronto direto, em que os presidenciáveis teve 15 minutos cada para discutirem à vontade.
Na pergunta programática os candidatos foram questionados sobre educação. Lula disse que, se eleito, fará uma reunião com todos os governadores e os prefeitos das capitais para "iniciar uma discussão de como recuperar os alunos que estão com ensino atrasado". Já Bolsonaro disse ser contra que os alunos deixassem de frequentar as salas de aula na pandemia e que seu governo aperfeiçoou um aplicativo que os alunos pode usar no celular.
No confronto direto, Bolsonaro disse que o petrolão foi "o maior esquema de corrupção da história da humanidade", que provocou o "endividamento" da Petrobras. Em sua resposta, Lula disse que foi responsável por fazer a capitalização de R$ 70 bilhões da Petrobras e transformou a estatal "na segunda maior empresa de energia do mundo", o que tornou o Brasil um país "autossuficiente".
Em seguida, Lula disse que Bolsonaro coloca tudo "sob sigilo" e ressaltou que, se eleito, vai colocar transparência sobre os sigilos do adversário para que o povo brasileiro tome ciência das ações tomadas por ele. O candidato à reeleição continuou falando sobre corrupção na Petrobras. Lula admitiu que houve corrupção na estatal porque há pessoas que confessaram os crimes, mas ressaltou que para combater os atos ilícitos "não precisava quebrar a Petrobras".
Logo depois, Lula perguntou a Bolsonaro porque a atual gestão não deu crescimento real do salário mínimo. Em sua resposta, o presidente destacou que seu governo sofreu com a guerra entre a Rússia e a Ucrânia e a pandemia de covid.
Lula então disse que o país "precisa de alguém com credibilidade". "Esse país tem que ter alguém que tenha credibilidade e garanta estabilidade", disse Lula. Para o petista, o Brasil "não pode ter um governo que parece um biruta", disse.
Já Bolsonaro falou sobre Ortega e disse que Lula trata o presidente da Nicarágua "como amigo". Em sua fala, Lula afirmou ser contra governos autoritários.
No final do terceiro bloco, Bolsonaro voltou a bater no Bolsa Família e defendeu que Lula poderia ter pago mais para os beneficiários, mas não quis. Em seguida, o presidente enalteceu seu Auxílio Brasil e citou ainda algumas das supostas principais pautas de costumes de Lula, como a intenção da esquerda de liberar a comercialização de drogas e incentivar invasões de terras. "Nós vamos ter respeito com o homem do campo", disse Bolsonaro.
Considerações finais
Por fim, cada candidato teve um minuto e meio para suas considerações finais.
Bolsonaro disse querer "um país livre, com liberdade de expressão e segurança". Falou sobre ideologia de gênero, banheiro unissex e "liberação das drogas". O candidato à reeleição falou ainda sobre aborto e defendeu o armamento.
Já Lula agradeceu o apoio dos brasileiros e disse que Bolsonaro é "efetivamente o cara que tem a maior cara de pau para criar inverdades". O petista ressaltou que ele foi o responsável por criar a lei de liberdade religiosa e que quer tirar os brasileiros da fome e da "fila do osso".
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