A redução de R$ 0,20 no preço do litro do diesel, que começou a vigorar nesta sexta-feira, 5, nas refinarias da Petrobras, não foi suficiente para trazer paridade ao preço do combustível no mercado interno em relação ao internacional.
Com petróleo e câmbio em queda, os preços internos dos combustíveis se mantêm acima do praticado no Golfo do México, informa a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom).
Em média, o preço do diesel no Brasil está 10% acima do praticado no Golfo do México, usado como referência para calibrar a paridade de preços em relação ao mercado internacional. Para se equiparar aos preços externos, seria necessária uma nova redução, de R$ 0,47 por litro, segundo a Abicom.
Também a gasolina está com o preço descolado do Golfo, sendo negociada nas refinarias brasileiras com preço 9% superior. Para equiparar os preços a queda poderia ser de R$ 0,31 por litro, informa a entidade, que vê uma janela de oportunidade para importações, dependendo do porto de operação.
A queda anunciada pela estatal também não foi suficiente para ficar com preços abaixo da sua única concorrente no mercado brasileiro, a Acelen, que controla a Refinaria de Mataripe, na Bahia. O diesel vendido em Mataripe custava em média R$ 5,25 o litro nesta sexta-feira, enquanto nas refinarias da Petrobras a média ficou em R$ 5,41 o litro. Também o preço da gasolina está mais caro nas refinarias da Petrobras do que da Acelen, custando R$ 3,86 e R$ 3,83, respectivamente.
Surpresa
A redução do preço do diesel anunciada na quinta-feira, 4, pela Petrobras, pegou de surpresa o mercado, já que diretores da companhia haviam indicado na semana passada que não era o momento de mexer no preço do combustível, devido à persistência de volatilidade do mercado de petróleo e do câmbio, além das expectativas com o aumento do preço do diesel de setembro a novembro, quando a demanda deve crescer e a oferta seguir restrita.
Os Estados Unidos estão aumentando o estoque de diesel, ao mesmo tempo em que a Europa substitui o gás natural que vem sendo cortado pela Rússia pelo combustível fóssil. Com a chegada do inverno nos próximos meses, a previsão é a de que o produto fique cada vez mais escasso e suba de preço, em um momento em que o Brasil estará transportando a safra agrícola por caminhões pelo País.
Segundo especialistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast, a estatal deveria aguardar a estabilidade de mercado de petróleo para alterar o preço, seguindo sua própria premissa de só mexer na cotação quando houvesse uma mudança estrutural, e não conjuntural. Eles avaliam que agora será mais complicado politicamente a estatal elevar o diesel e a gasolina - essa com duas quedas sucessivas recentemente -, se o mercado virar e o petróleo e derivados subirem de preço no mercado internacional.
Na quinta, 4, o presidente Jair Bolsonaro elogiou a queda do preço do diesel e atribuiu a decisão ao novo presidente da empresa, Caio Paes de Andrade. Disse ainda que esperava mais reduções pela estatal.
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