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Economia e Negócios

Lucro dos bancos cai mais de 31% no primeiro semestre, aponta BC

Resultado das instituições brasileiras somou R$ 40,8 bilhões; desempenho foi afetado pelo aumento das reservas para fazer frente a mais casos de inadimplência de empresas e famílias.

A pandemia de covid-19 causou forte impacto na lucratividade dos bancos na primeira metade de 2020. Dados divulgados nesta quinta-feira, 15, pelo Banco Central mostram que no primeiro semestre os bancos registram lucro líquido ajustado de R$ 40,8 bilhões. O valor representa uma queda de 31,9% em relação ao mesmo período de 2019.

Outra medida importante para avaliar o desempenho dos bancos, o Retorno Sobre Patrimônio Líquido (ROE) do sistema atingiu 11,2% ao ano em junho de 2020, ante taxa de 17,8% no mesmo mês do ano passado. O ROE acumulado em 12 meses até junho foi de 13,6%, ante 16,7% do acumulado até dezembro de 2019.


Essa retração do retorno obtido pelos bancos está diretamente relacionada à pandemia. Com a crise, as instituições financeiras elevaram o volume de provisões para fazer frente à inadimplência. As despesas dos bancos com provisões somaram R$ 65 bilhões no primeiro semestre, o que representa um aumento de 80% em relação ao visto no primeiro semestre de 2019, mostram os dados do Relatório de Estabilidade Financeira (REF) do BC.

Os bancos estão reservando mais recursos para fazer frente a mais casos de inadimplência de empresas e famílias, o que reduz seu lucro.

Segundo o diretor de Fiscalização do Banco Central, Paulo Souza, o lucro do sistema financeiro em 2020 deve cair para um patamar entre R$ 80 bilhões e R$ 85 bilhões, na esteira da pandemia. “Estimamos uma redução do lucro entre 30% e 35% neste ano, devido ao aumento de provisões. Deve haver certa retração ainda na rentabilidade dos bancos até o fim deste exercício”, avaliou, em entrevista coletiva.

Souza disse ainda que, mesmo com a queda nas taxas de juros, a mudança de mix das carteiras tem permitido a manutenção da margem dos bancos. “Mas as despesas com provisões e a queda de receitas de serviços vai puxar a rentabilidade do sistema como um todo para baixo”, completou.

Conforme o diretor do BC, mesmo antes da pandemia existia a visão de que uma redução da Selic (a taxa básica de juros) levaria a uma diminuição do lucro dos bancos. Atualmente, a Selic está em 2% ao ano, no menor patamar da história. Antes da crise da covid-19, em dezembro de 2019, a taxa já estava em níveis baixos (4,50% ao ano). “Com Selic menor, já era normal esperar redução do nível de retorno dos bancos”, pontuou.

Para Souza, um retorno na faixa de 13% ainda traz “atratividade” para o sistema financeiro. “Fica difícil prever o que vai acontecer em 2021, porque a pandemia é severa e houve provisões”, disse o diretor. “Mas em um cenário com juros mais baixos, o retorno de qualquer empresa tende a ser menor. Uma rentabilidade entre 10% e 12% é o que devemos observar no sistema financeiro.”

Também presente à coletiva de imprensa, o secretário do Comitê de Estabilidade Financeira e consultor da Diretoria do BC, Enrico Vasconcelos, acrescentou que seria temerário tentar encontrar um número para rentabilidade dos bancos para um horizonte mais longo. “O Brasil passa por um ‘cisne negro’, uma crise sem precedentes”, avaliou.

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