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Economia e Negócios

Alta do desemprego em janeiro é atípica, diz Dieese

Embora o crescimento do desemprego seja esperado no início do ano, no mês passado isso ocorreu mais em razão do aumento da PEA do que da queda no nível de ocupação.

O aumento da taxa de desemprego na região metropolitana de São Paulo em janeiro - a primeira alta desde agosto de 2011 - e no conjunto das sete regiões pesquisadas pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) e pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) chamou a atenção dos coordenadores da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED). Segundo eles, embora o crescimento do desemprego seja um comportamento esperado para o início do ano, no mês passado isso ocorreu mais devido ao aumento da População Economicamente Ativa (PEA) do que à queda no nível de ocupação.

Em janeiro, a PEA, no conjuntos das sete regiões metropolitanas pesquisadas, aumentou 0,5% em relação a dezembro e 1,4% comparativamente a janeiro de 2011. Já o nível de ocupação, também nas sete regiões, ficou praticamente estável no período, com variação de 0,1% em relação a dezembro e alta de 2,4% ante janeiro de 2011. "Em nenhum janeiro dos últimos anos a PEA foi positiva. Ela sempre é negativa", disse o coordenador da pesquisa pela Fundação Seade, Alexandre Loloian.

De acordo com o economista do Dieese Sérgio Mendonça, uma das hipóteses que podem explicar esse comportamento atípico da PEA é o otimismo dos trabalhadores em relação ao mercado de trabalho. Segundo ele, o aumento da PEA acima de 1% em comparação com janeiro de 2011 não pode ser explicado por razões demográficas.

Para Loloian, o dado demonstra que os empregadores também não estão pessimistas, uma vez que janeiro tradicionalmente se caracteriza por demissões de cerca de 100 mil trabalhadores. Em janeiro deste ano, porém, a estabilidade da ocupação se refletiu em um aumento de 16 mil postos de trabalho comparativamente a dezembro e de 475 mil ante janeiro de 2011. "Portanto, iniciamos o mês de janeiro com expectativas favoráveis tanto de trabalhadores quanto de empregadores", disse Loloian.

Na avaliação de Mendonça, tudo indica que 2012 deve apresentar um comportamento típico em relação ao desemprego. "Devemos ter um primeiro trimestre com aumento na taxa de desemprego, que é o padrão sazonal, e um segundo semestre mais aquecido, com a taxa de desemprego caindo já a partir de maio. Se a PEA continuar a crescer ao longo do ano, provavelmente a taxa de desemprego deve cair mais lentamente, mas não deve subir."

Apesar do aumento do desemprego nas sete regiões metropolitanas para 9,5%, a taxa foi a menor para o mês desde 2009, início da série histórica. O único setor que registrou demissões em janeiro foi a indústria - o nível de ocupação caiu 1,5% em relação a dezembro e recuou 0,8% ante janeiro de 2011. O comércio ficou estável em comparação a dezembro e teve alta de 0,6% ante janeiro do ano passado. Serviços cresceram 0,2% em relação a dezembro e 3,5% em comparação a janeiro de 2011.

A construção civil teve maior destaque, com alta de 2,3% ante dezembro e 5,4% ante janeiro de 2011. O setor cresceu em todas as regiões pesquisadas, exceto São Paulo, onde caiu 3,1% ante janeiro de 2011.

A taxa de desemprego em São Paulo ficou em 9,6% em janeiro, o melhor resultado para o mês desde 1990, quando atingiu 6,7%. Em janeiro, a indústria voltou a apresentar os piores resultados no nível de ocupação, que caiu 1,9% ante dezembro e 1,3% ante janeiro de 2011.

No mês, os setores de metal-mecânica, vestuário e têxtil e alimentação puxaram os resultados negativos, com quedas, respectivamente, de 4%, 3,4% e 3,7% na comparação com dezembro. No ano, os destaques negativos foram os setores de química e borracha, com queda de 23% ante janeiro de 2011, gráfica e papel (-12,8%) e alimentação (-5,5%).

O destaque positivo foi que a ocupação aumentou 2% em relação a janeiro de 2011. No setor privado, a ocupação aumentou 1,5%, o que significou a criação de 90 mil postos de trabalho. O número foi totalmente influenciado pelas contratações com carteira assinada, que no período aumentaram em 196 mil, enquanto as contratações sem carteira diminuíram em 106 mil.
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