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Economia e Negócios

Henrique Meirelles se despede como o mais longevo presidente do BC

Junto aos analistas, a indecisão sobre deixar o cargo para tentar carreira política arranhou um pouco a imagem do engenheiro goiano nos últimos meses.

Às 19h46 de quarta-feira, Henrique Meirelles encerrou um ciclo. O mais longevo presidente do Banco Central no Brasil declarou encerrada sua 76ª reunião seguida do Comitê de Política Monetária (Copom) nos oito anos da presidência de Luiz Inácio Lula da Silva. Criticado no início por ter vindo do arqui-inimigo PSDB, Meirelles segurou o juro de olho na inflação e, assim, conquistou respeito do mercado e do restante do governo. Junto aos analistas, a indecisão sobre deixar o cargo para tentar carreira política arranhou um pouco a imagem do engenheiro goiano nos últimos meses.

Às pessoas próximas, Meirelles gosta de ressaltar que o País mudou muito em oito anos. Sob sua gestão, o Brasil conquistou o grau de investimento e passou com poucos ferimentos à maior crise das últimas décadas. Também quitou a dívida com o Fundo Monetário Internacional e, em 2008, pela primeira vez na história, foi executada reação com os juros para tentar acelerar a economia durante uma crise, a chamada política anticíclica.

Todos esses feitos foram obtidos após anos de insistência de Meirelles na rígida política de juro para conter a inflação. Com a anuência de Lula, o presidente do BC controlou com mão de ferro a taxa Selic desde a primeira reunião - quando subiu o juro. A ação deu credibilidade à instituição e, em última instância, à economia brasileira.

Quando ingressou no BC em janeiro de 2003, o então deputado federal mais votado pelo PSDB de Goiás assumiu o posto com a inflação acumulada de 12,5% no ano anterior, muito acima da meta. Nos últimos 12 meses até novembro de 2010, a alta foi de 5,36%. E a taxa Selic, que estava em 25% no início do governo, termina o mandato de Meirelles em 10,75%.

Mas nem tudo foi azul. Em 2010, Meirelles sofreu pesadas críticas de boa parte do mercado financeiro. Sem jamais ter negado o desejo de construir carreira política, nunca tirou do radar a possibilidade de concorrer às eleições de outubro. Poderia ser ao Senado ou ao governo de Goiás. Chegou, inclusive, a circular o rumor de que poderia ser vice de Dilma.

Na época, o Banco Central ignorou pressões inflacionárias e não subiu o juro básico da economia em março de 2010. Analistas reagiram mal e a imagem de Meirelles perdeu parte do brilho. Meses depois, já fora do baralho eleitoral, executou um ciclo de aperto monetário menor que o esperado pelo mercado em meados deste ano. Mais uma vez, saiu arranhado.

Os problemas, porém, parecem não ter anulado conquistas anteriores. Meirelles deixa o cargo muito respeitado no mercado. Para os economistas, foi o presidente do Banco Central que conseguiu consolidar o sistema de metas de inflação e ainda deu condições para que o Brasil conquistasse credibilidade internacional inédita.
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