As bolsas de valores ao redor do mundo sofreram uma forte queda nesta segunda-feira (5), refletindo o temor de investidores sobre uma possível recessão econômica nos Estados Unidos. O Federal Reserve (Fed) pode ser obrigado a cortar emergencialmente a taxa básica de juros. No Brasil, o Ibovespa , principal índice da bolsa de valores de São Paulo, caiu 2,2% no início do pregão, reduzindo a perda para 1,18% por volta do meio-dia. Analistas alertam para uma possível desvalorização ainda maior do real ante o dólar a longo prazo.
O mau humor do mercado foi provocado, em parte, pela divulgação dos dados de emprego nos Estados Unidos na sexta-feira (3), logo após o Fed manter a taxa de juros entre 5,25% e 5,5%, o maior patamar desde julho de 2023. Foram abertas 114 mil novas vagas em julho, frustrando as expectativas de 185 mil. Alguns analistas interpretaram isso como um sinal de que o Fed poderia iniciar um ciclo de corte de juros na próxima reunião regular, em setembro. No entanto, esses mesmos dados também sugerem uma desaceleração da economia norte-americana.
A forte queda das bolsas começou no Japão, onde o índice Nikkei 225 encerrou o pregão com uma queda recorde de 12,4%, influenciada pela decisão do banco central local de elevar suas taxas de juros pela segunda vez em 17 anos. Essa volatilidade se espalhou para outros mercados asiáticos, com o índice Kospi da Coreia do Sul caindo 8,77%, o Taiex de Taiwan despencando 8,35% e o CSI 1000 da China retraindo 2,73%. Nos Estados Unidos, o índice Dow Jones recuava 1,71% na abertura, o S&P 500 caía 3,66% e o Nasdaq Composite, ponderado por empresas de tecnologia, afundava 6,34%.
Além da possível desaceleração econômica dos EUA e da elevação das taxas de juros no Japão, outros fatores também influenciam o cenário global. A tensão geopolítica no Oriente Médio aumentou com o assassinato de líderes do Hamas e Hezbollah, e balanços financeiros decepcionantes de empresas nos setores automobilístico e financeiro na Europa e de tecnologia nos EUA contribuem para o pessimismo. As recentes declarações do ex-presidente Donald Trump, contra a liberdade de transações de empresas de tecnologia, também afetam negativamente os mercados.
No Brasil, a queda no valor das ações e a possível redução dos juros levam a um aumento de ativos de renda fixa, valorizando o dólar frente ao real. Por volta do meio-dia desta segunda-feira, o dólar estava cotado a R$ 5,78, alta de 1,22% em relação ao fechamento de sexta-feira. Apesar do mau humor global, a temporada de balanços das empresas brasileiras pode resultar em valorização das ações nos próximos dias.