A greve dos auditores-fiscais da Receita Federal está gerando impactos significativos na economia brasileira, com perdas bilionárias no comércio exterior e na arrecadação federal. A paralisação, que inclui uma operação-padrão nos terminais alfandegários, tem atrasado a liberação de cargas de exportação e importação, prejudicando tanto os empresários quanto a arrecadação do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Estima-se que cerca de R$ 15 bilhões deixaram de ser repassados aos cofres da União devido à interrupção das transações tributárias.
A operação-padrão dos auditores-fiscais tem causado enormes prejuízos para o setor de comércio exterior. Desde o início do movimento, aproximadamente 75 mil remessas de produtos, tanto de exportação quanto de importação, estão com o processamento paralisado. Nos aeroportos de Guarulhos e Viracopos, por exemplo, as remessas postais estão demorando até 21 dias para serem liberadas, ao invés de um prazo habitual de um dia. Além disso, 50% das remessas expressas, que incluem itens de maior valor, como peças automotivas, também estão sendo selecionadas para fiscalização, aumentando o tempo de liberação.
O Sindicato dos Auditores-Fiscais da Receita Federal (Sindifisco Nacional) explicou que a greve é uma resposta à falta de acordo sobre o reajuste salarial, que reivindica a reposição das perdas inflacionárias desde 2016. De acordo com o sindicato, o Ministério da Inovação e Gestão (MGI), responsável pelas negociações, não cumpriu o compromisso de instalar mesas específicas até julho de 2024 para tratar das questões salariais, o que levou os auditores a iniciar a paralisação. O governo, por sua vez, alega ter firmado um acordo no ano passado, que incluiu um programa de bônus, elevando os salários dos cargos mais altos da Receita Federal.
O impacto da greve também é sentido no setor industrial, especialmente entre as pequenas e médias empresas, que dependem do fluxo contínuo de importação e exportação para manter suas operações. A Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) e o Centro de Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) destacam que os atrasos nas remessas elevam os custos para os importadores e comprometem a competitividade das empresas brasileiras no mercado internacional. Pequenas indústrias, que não têm a mesma flexibilidade financeira das grandes empresas, estão mais vulneráveis à paralisação, com risco de perda de produtos e até de demissões.
As repercussões da greve não se limitam ao setor privado. O Congresso também tem se manifestado sobre o problema, com o deputado federal Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PL-SP) alertando para os efeitos negativos nos custos de produção e no fechamento de cadeias produtivas.
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