Uma interceptação telefônica feita pelo Ministério Público Federal (MPF) foi usada por um delator para relatar o repasse de valores ao presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB). O caso ocorreu em 2016, no âmbito da Operação Desumanidade.
A ação mirou desvios em obras para construção de Unidades Básicas de Saúde (UBS), custeadas parcialmente com emendas parlamentares do presidente da Câmara dos Deputados. A conversa foi entre um homem chamado Zezeca e Simão Pedro da Costa, funcionário de Emas, cidade vizinha a Patos, base eleitoral da família de Hugo Motta.
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No áudio, obtido pelo portal Metrópoles, os dois falam sobre o então cunhado de Motta, Segundo Madruga, que na época era prefeito de Emas. “Pelo que ele fez, pelo que tem feito na primeira campanha, na segunda também, que ele [Segundo Madruga] deu dinheiro das obras, deu a Hugo, eu acredito que se ele ficar [inaudível], sem… esquecer a mulher, sem falar dela, ou sem falar nisso ou aquilo, ou com cachaça e essas coisas, esses negócios, pode ser que a Velha [Chica Motta, avó de Hugo Motta] fique dando alguma coisa pra ele [Segundo)], entendeu. [inaudível]. Agora se ele bancar o bonitão, aí se f***”, disse Simão.
Em seu acordo de delação premiada, José Aloysio Machado da Costa Junior, dono de uma empresa investigada na operação, comentou sobre o áudio. De acordo com o delator, os valores citados eram equivalentes a um repasse de 20% da quantia desviada da construção de UBS e que foram destinados a Hugo Motta.
“O colaborador explicita que o fato de Simão Pedro da Costa dizer numa das interceptações que o deputado federal Hugo Motta havia recebido R$ 600.000,00 é proveniente dos 20% a ele devido sobre o Contrato 51/2013 de R$ 3.000.000,00, aproximadamente”, diz trecho do documento sobre a delação.
O acordo nunca foi homologado e, com isso, Motta não foi investigado. A operação, que tinha como alvo familiares do presidente da Câmara dos Deputados, foi arquivada na Paraíba.
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