O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou na última terça-feira (7) que, ao final de 2026, a economia brasileira estará "muito mais arrumada" do que a situação herdada no início do atual governo, caso o plano da equipe econômica seja implementado com sucesso. Haddad ressaltou que, nesse cenário, os brasileiros poderiam chegar ao final do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva “comendo filé-mignon”.
“Se o país souber aproveitar as vantagens competitivas que possui – como a recém-aprovada lei de inteligência artificial, o mercado de crédito de carbono, os avanços nos biocombustíveis e programas estratégicos para a nova indústria – acredito que chegaremos bem a 2026. Espero que, quem sabe, até comendo filé-mignon”, declarou em entrevista à GloboNews.
A referência ao filé-mignon surgiu após Haddad ser questionado sobre a promessa feita por Lula durante a campanha de que o governo garantiria a “picanha no prato” do brasileiro ao final do mandato.
Críticas e resposta sobre o desajuste fiscal
A política econômica atual tem recebido críticas, especialmente pela expansão de gastos públicos e pelo aumento da dívida. O pacote de contenção de despesas apresentado pela equipe de Haddad em novembro foi considerado insuficiente por parte dos economistas para garantir a sustentabilidade do arcabouço fiscal a longo prazo.
Em resposta às críticas, Haddad reforçou o compromisso do governo em entregar uma economia equilibrada e transparente. “Vamos entregar uma economia sem maquiagem, sem contabilidade criativa e sem calote”, garantiu o ministro, destacando que o Brasil está em posição mais favorável em relação a outros países da região, a depender das decisões do próximo governo dos Estados Unidos.
Haddad também comentou o potencial do acordo entre Mercosul e União Europeia para impulsionar o crescimento econômico da região. Além disso, reconheceu a importância da economia para os resultados políticos. “A economia sempre fará a diferença em qualquer eleição. É essencial que seja bem cuidada o tempo todo, que tomemos as medidas corretas com base na análise de todos os indicadores, considerando diferentes perspectivas”, declarou.
Déficit primário e ajustes no Orçamento
O ministro informou que, segundo as projeções do governo, o déficit primário de 2024 deve ficar em 0,1% do Produto Interno Bruto (PIB), desconsiderando os gastos com a calamidade no Rio Grande do Sul. Quando incluídas essas despesas, o déficit pode alcançar 0,37% do PIB.
O Congresso Nacional já havia autorizado que os gastos emergenciais destinados ao Rio Grande do Sul não fossem contabilizados para o cumprimento da meta fiscal, que estabelece um déficit zero com uma margem de tolerância de 0,25 ponto percentual do PIB.
Haddad destacou que o número final do déficit dependerá do resultado do crescimento econômico de 2023, para o qual o Ministério da Fazenda projeta uma alta de 3,6%. “O valor final do déficit pode variar em função do PIB ser maior ou menor. Hoje, estimamos um crescimento entre 3,5% e 3,6%, enquanto o mercado projeta 3,4%”, explicou.
O ministro enfatizou, ainda, a necessidade de ajustes no Orçamento de 2025, de modo a alinhar a proposta orçamentária às medidas de contenção de despesas aprovadas pelo Congresso. “Faremos adequações na peça orçamentária para obter mais liberdade de gestão, algo que não tivemos no ano passado, e assim garantir uma execução orçamentária mais precisa, visando alcançar as metas estabelecidas”, concluiu Haddad.
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