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Ex-diretores da PRF são indiciados por blitze no Nordeste na eleição de 2022

A ação teria ocorrido sem justificativa técnica, com uma fiscalização desproporcional na região Nordeste.

Quatro ex-diretores e coordenadores da Polícia Rodoviária Federal (PRF) foram indiciados nesta quarta-feira (22) pela Polícia Federal, suspeitos de tentar dificultar o deslocamento de eleitores do Nordeste durante o segundo turno das eleições de 2022. A investigação apura que as blitze realizadas no dia 30 de outubro de 2022 teriam sido planejadas com o intuito de restringir o acesso de eleitores favoráveis ao então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) às urnas. A ação teria ocorrido sem justificativa técnica, com fiscalização desproporcional na região Nordeste.

Os indiciados são Luis Carlos Reischak Junior, ex-diretor de Inteligência e ex-superintendente da PRF no Rio Grande do Sul; Rodrigo Cardozo Hoppe, ex-diretor de Inteligência substituto; Djairlon Henrique Moura, ex-diretor de Operações; e Adiel Pereira Alcântara, ex-coordenador de Análise de Inteligência da PRF. Além deles, Bruno Nonato dos Santos Pereira, ex-coordenador-geral de Inteligência e Contrainteligência da ANTT, também foi indiciado. Segundo a PF, as operações de fiscalização nos ônibus fretados visavam dificultar a mobilidade dos eleitores, afetando especialmente o transporte no Nordeste, onde o candidato Lula tinha vantagem nas pesquisas.


A investigação revelou que a PRF abordou 2,1 mil ônibus no Nordeste no dia da eleição, enquanto no Sudeste o número de veículos fiscalizados foi de apenas 571. Além disso, foi constatado que a ordem do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, para suspender as operações foi ignorada, mesmo com a ameaça de prisão do diretor-geral da PRF na época, Silvinei Vasques, caso desobedecesse. Moraes classificou as condutas como gravíssimas, apontando que as ações estavam em desacordo com os princípios democráticos do país.

A apuração da PF também sugere que, além das blitze no Nordeste, a gestão de Vasques teria planejado outras ações em estados como Goiás, Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, para monitorar ônibus com destino ao Nordeste nos dias que antecederam o pleito. Os ex-diretores Reischak e Djairlon teriam solicitado um relatório de inteligência sobre os ônibus fretados, dados fornecidos por Adiel Alcântara e Bruno Nonato. No entanto, os acusados negam qualquer envolvimento nas irregularidades.

Silvinei Vasques, diretor-geral da PRF na época, refutou as acusações, afirmando que as fiscalizações seguiram o mesmo padrão dos anos anteriores e que não houve interferência indevida. Ele alegou que o Nordeste teve o menor índice de abstenção nas eleições. A defesa de Reischak, Djairlon e Hoppe também afirmou que as investigações não encontraram provas que os ligassem a qualquer conduta ilícita. Já Adiel Alcântara declarou que se recusou a cumprir ordens que considerou irregulares, e Bruno Nonato não foi localizado para comentar as acusações.

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