Evandro Teixeira, um dos principais nomes do fotojornalismo brasileiro, faleceu nesta segunda-feira (4), aos 88 anos, no Rio de Janeiro. O fotógrafo, amplamente reconhecido por registrar momentos históricos em preto e branco, estava internado na Clínica São Vicente, na Gávea, e morreu devido à falência múltipla de órgãos causada por complicações de uma pneumonia. Evandro construiu uma carreira notável no Jornal do Brasil, onde trabalhou por 47 anos, deixando um legado de imagens icônicas que documentam períodos marcantes do Brasil e do mundo.
Natural de Irajuba, um povoado na Bahia, Evandro Teixeira mudou-se para o Rio de Janeiro em 1957, trazendo consigo uma carta de recomendação para trabalhar no jornal Diário da Noite. Pouco depois, foi contratado pelo Jornal do Brasil, onde solidificou sua posição no fotojornalismo brasileiro. Ao longo de quase sete décadas de trabalho, suas lentes registraram eventos como o golpe militar de 1964, em que ele capturou uma foto sob chuva e contraluz dos militares em Copacabana. Em várias ocasiões, adotou táticas como esconder filmes na meia para proteger seu material e evitar censura.
A importância de seu trabalho também se conjeturou na cobertura de protestos contra a ditadura, como a Passeata dos 100 Mil, em 1968, no Rio de Janeiro. Sua câmera documentou o cenário lotado da Cinelândia com faixas de "Abaixo a ditadura, o povo no poder", registrando momentos de repressão com policiais e estudantes em confrontos. Uma de suas fotos mais conhecidas foi a de um estudante caindo durante perseguição policial, imagem que foi associada, de forma errônea, ao presidente Lula.
Evandro também registrou momentos internacionais relevantes, como o golpe militar no Chile em 1973, que resultou na morte do presidente Salvador Allende. Durante essa cobertura, ele documentou violações de direitos humanos no Estádio Nacional e fez imagens do funeral do poeta chileno Pablo Neruda, que se tornaram ícones históricos.
Além dos registros políticos e sociais, o fotógrafo documentou personalidades como Pelé e Ayrton Senna, além de eventos como a visita da Rainha Elizabeth II e do papa João Paulo II ao Brasil. Evandro Teixeira deixou uma obra reunida em livros e um legado que permanece através das imagens que ele eternizou, testemunhas silenciosas de fatos e lutas históricas.
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