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Com salários de R$ 33 mil, juízes do Brasil reclamam de estresse e excesso de trabalho

O resultado parcial do segundo censo judiciário foi divulgado pelo CNJ nessa terça-feira (19).

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) divulgou o resultado parcial do segundo censo nessa terça-feira (19) e apontou que grande parte dos juízes não está contente com o salário e acham que trabalham muito. Cerca de 6,1 mil juízes participaram do questionário, do total, 74% declara achar ganhar pouco, enquanto 80% dizem trabalhar demais.

Mesmo com a declaração de descontentamento, o menor salário da magistratura federal no Brasil é de R$ 33 mil, o que corresponde a 25 salários mínimos. Ainda conforme levantamento do CNJ, um juiz custa cerca de R$ 68 mil aos cofres públicos por mês, com a soma de salário, bonificações por tempo de serviço e gratificações. Por conta disso, o judiciário brasileiro é considerado o mais caro do planeta.


Outro aspecto levantado pelo censo é a questão psicológica dos magistrados, na qual 59% afirmou estar sob estresse, enquanto 56% diz estar com ansiedade. Além disso, 34% declarou estar sofrendo com esgotamento emocional, enquanto 29% sofre de esgotamento físico.

A depressão também parece ter afetado a categoria, pois 15% disseram ter diagnóstico de depressão. Em relação ao abuso de drogas e álcool, 2,2% dos magistrados afirma fazer abusivo das substâncias. Em suma, 31% dos juízes federais brasileiros que participaram do censo dizem não se sentirem felizes na carreira.

Especialista

Em conversa ao Estadão, Fernando Fontainha, doutor em Ciência Política pela Université Montpellier, na França, e pesquisador sobre o Poder Judiciário, listou alguns motivos que podem gerar essa insatisfação na classe jurista brasileira, considerada a mais cara do mundo.

De acordo com o pesquisador, o “cotidiano profundamente belicoso”, além de que no âmbito da magistratura brasileira “é necessário ter padrinhos na sua instância ou na instância superior para conseguir realizar todo e qualquer interesse”.

Segundo o presidente da Associação de Magistrados do Brasil (AMB), Frederico Mendes Júnior, a magistratura passa por um processo de desvalorização, e alguns juízes chegam a trocar o serviço público em busca de melhores oportunidades na iniciativa privada.

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