A seca que acomete a Amazônia, afetando o Rio Amazonas e outros grandes rios da região, revelou um sítio arqueológico com gravuras esculpidas em pedras, que podem ter cerca de 2 mil anos. Em imagens cedidas ao GP1 pelo ativista ambiental e pesquisador Valter Calheiros, é possível ver algumas das inúmeras figuras que integram o sítio arqueológico das Lajes.
Segundo Valter Calheiros, as gravuras ficam próximo ao encontro das águas dos rios Negro e Solimões. Elas foram registradas pela primeira vez em 2010, entretanto, comunidades ribeirinhas há muitos anos já relatavam ter visto as figuras.
O sítio arqueológico é o primeiro do Amazonas registrado no Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos (CNSA) do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
“No Iphan ele é o sítio arqueológico zero um do estado do Amazonas. Desde então, se sabe pouco desse sítio, porque nunca se avançou em estudos, em pesquisas. Em 2010 foi possível registrar, fotografar pela primeira vez esse sítio”, explicou Calheiros.
Quase 2 mil anos
Os pesquisadores indicam que o sítio arqueológico pode aproximadamente 2 mil anos. “O que estão fazendo é comparando com outros sítios já pesquisados. Com base nisso é que se diz que talvez elas tenham dois mil anos”, afirmou o ativista.
Origem das gravuras
A explicação mais defendida é a de que o rio, há milhares de anos, não estivesse no mesmo nível, o que possibilitaria a ocupação humana e a confecção das gravuras.
“Talvez o próprio rio Negro tivesse um curso mais embaixo. Então, se o rio Negro tinha um curso mais embaixo, as gravuras poderiam ser trabalhadas pelas famílias, pelas comunidades indígenas, naturalmente em um espaço de convivência”, ressaltou Valter Calheiros.
O ativista ambiental também falou da importância da realização de mais pesquisas na região. “É preciso despertar na sociedade a necessidade de pesquisar. Imagina se esse sítio arqueológico ficasse na Europa, teria uma fila de gente para estudar. Esse sítio precisa ser valorizado e conhecido”, frisou.
Maior seca do século
Valter Calheiros enfatizou que a seca na região amazônica é a maior desse século. “É a maior seca. A anterior a essa foi a de 2010 e a anterior a de 2010 foi a de 1963”, concluiu.
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