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Delegada que prendeu anestesista no Rio atuou no caso Flordelis

Bárbara Lomba, que investiga o caso do anestesista preso tem experiência em casos complexos.

Uma policial técnica e seguidora dos direitos humanos. É assim que boa parte dos colegas se refere à carioca Bárbara Lomba, de 46 anos, titular da Delegacia da Mulher (Deam) de São João de Meriti, na Baixada Fluminense.

No início da semana, a policial prendeu em flagrante o anestesista Giovanni Quintella Bezerra, de 32 anos. Ele é acusado de estuprar uma mulher durante uma cesárea no Hospital da Mulher Heloneida Studart. A atuação no momento da prisão e na condução da investigação rendeu elogios – mas este não o foi o primeiro caso rumoroso em que atuou. Ela tem no currículo apurações sobre homicídios, tráfico e crimes de milicianos, entre outros.


“Sou muito fã da Bárbara”, afirma o delegado Orlando Zaconne, atualmente na Subsecretaria de Planejamento da Polícia. “Porque ela consegue por em prática aquilo que muitos de nós buscamos, uma polícia voltada aos interesses da sociedade, garantidora dos direitos da vítima e também do autor do crime."

No vídeo que registra o momento da prisão, Bárbara anuncia a detenção em tom de voz baixo, antes de algemar o médico e encaminhá-lo à delegacia. A ação foi muito elogiada, mas também recebeu críticas. Nas redes sociais. Internautas compararam a ação na prisão do estuprador à abordagem truculenta de policiais rodoviários federais, que resultou na morte de Genivaldo de Jesus Santos, por sufocamento, em maio.

“A Polícia só falta pedir desculpas para o médico estuprador branco”, escreveu um tuiteiro. “Imagina se fosse um pobre preto.”

Caso Flordelis

Em 2019, quando estava à frente da Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí, na Região Metropolitana do Rio, Bárbara assumiu a investigação do assassinato do pastor Anderson Gomes.

Ele era marido da deputada federal e cantora gospel Flordelis dos Santos de Souza (PSD). Em junho daquele ano, o pastor foi morto a tiros dentro da própria casa. Vários de seus parentes, inclusive a parlamentar, foram postos sob suspeita.

Quando Bárbara deixou a delegacia, em janeiro do ano seguinte, Flávio dos Santos Rodrigues e Lucas Cezar dos Santos de Souza, filhos da deputada, já haviam sido indiciados pelo crime.

Em grande parte com base em provas coletadas pela equipe de Bárbara logo após o assassinato, o Ministério Público denunciou a deputada como suspeita de ser a mandante do crime. Flávio e Lucas foram condenados. Já naquela época, alguns colegas se referiam à Bárbara Lomba como “mulher superpoderosa”.

À frente da DH de Niterói, Bárbara atuou também na elucidação da chacina de cinco jovens por integrantes de uma milícia, em 2018, com a prisão dos acusados. Também comandou o desbaratamento de outro grupo miliciano que se instalou em Itaboraí. E em palestra há dois anos na Escola de Magistratura do Rio (EMERJ), a delegada comentou esse último caso.

“O grande diferencial (da milícia) é que estamos lidando com pessoas que conhecem nossa forma de proceder, são pessoas envolvidas com agentes de segurança, políticos, várias camadas do poder”, analisou. “É muito mais grave. E as ações são mais difíceis porque eles sabem o que nós (policiais) podemos fazer.”

Formada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-RJ) em 1997, Bárbara ingressou no ano seguinte na Escola de Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (EMERJ). Entrou para a Polícia Civil em 2001, aos 25 anos.

Entre 2012 e 2013, à frente da Delegacia de Proteção à Criança e Adolescente (DPCA), a equipe de Bárbara lançou a Operação Fortaleza. A ação resultou no indiciamento de 50 traficantes e 21 policiais militares que recebiam propina para deixar o tráfico funcionar livremente no centro do Rio. Na operação, foi presa a chefe do tráfico no Morro da Providência, Andrea Vieira, conhecida como Tia.

“Foi uma prisão cinematográfica, no meio do trânsito, comemoramos durante dias”, contou ela, na palestra na EMERJ. “Graças às diligências, conseguimos capturá-la antes de deflagrar a operação.

Bárbara ressaltou que o trabalho de inteligência feito na época para identificar os traficantes só foi possível porque o morro estava ocupado pelo programa Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), o que permitia a entrada livre de agentes.

“O programa está fazendo muita falta”, disse, na palestra. “Numa outra operação, na Rocinha, quando estava na 15ª, só conseguíamos entrar na comunidade se montássemos uma operação de grande porte. E a nossa equipe sempre adotou a mentalidade de não criar guerra sem necessidade.”

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