Um grupo criminoso, envolvendo um juiz e outros integrantes, foram denunciados pelo Ministério Público de Goiás, acusados de fraudarem decisões de reconhecimento de paternidade ou maternidade e assim, causarem um prejuízo de R$ 18 milhões em diversas vítimas.
Segundo o MP de Goiás, o grupo inventava histórias mentirosas e tinham como objetivo, conseguir proveitos financeiros de decisões com reconhecimento de paternidade e maternidade, o que deixou várias pessoas, vivas e mortas, lesadas, tendo suas contas bancárias zeradas. A organização criminosa possuía oito advogados, que trabalhavam com os falsos processos, dois policiais que eram responsáveis por escolher as vítimas e o juiz, que atuava na deferência dos falsos casos.
O caso que chamou atenção para que o Ministério Público apurasse os crimes foi de uma mulher, identificada como Ecrídia Barbosa da Silva, de 44 anos, que reside em Goiás e postava fotos com seu pai nas redes sociais. Porém, para Justiça, ela afirmou não conhecer seu pai biológico e alegou que foi abandonada por um francês, Roger Lavallard, que morreu em 2010, um homem no qual Ecrídia jamais tinha conhecido. Mas, mesmo assim, conseguiu ter o reconhecimento de paternidade socioafetiva e passou a se chamar Ecrídia Barbosa da Silva Lavallard,
Após pedir o reconhecimento paternal, Eucrídia entrou novamente na Justiça e solicitou ter acesso à conta corrente do francês. Logo depois, o irmão de Eucrídia, Niemier Barbosa entrou na Justiça pedindo para ser reconhecido como filho de uma mulher que ele nunca viu na vida e que teria morrido há mais de dez anos e com isso, pediu judicialmente para sacar a fortuna da conta da suposta mãe: mais de R$ 2,4 milhões. Ambos os irmãos tinham o mesmo advogado, pediram reconhecimento e com as mesmas testemunhas.
Ainda de acordo com o MP, no topo da organização está o juiz Levine Raja Artiaga. Segundo as investigações, o magistrado mantinha contato com apenas um integrante da organização criminosa e essa pessoa tinha a função de entrar em contato com os advogados envolvidos no esquema e repassar para o magistrado o dinheiro do golpe.
Em levantamento da Procuradoria-Geral de Justiça de Goiás foram encontradas pelo menos 43 ações suspeitas por parte do juiz. Em seis delas, foram comprovados diversos crimes, como o de corrupção. Ao ter sido afastado duas vezes do cargo – inclusive, após uma investigação e publicação do Fantástico sobre o caso -, a pena estimada ao juiz poderia chegar a 240 anos.
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