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Desmatamento volta a crescer na Amazônia e tem alta de 50% em outubro

Floresta perdeu 836,23 km² até o dia 30, alta de 50,6% em relação aos alertas de outubro do ano passado, de 555,26 km²

Após três quedas consecutivas, os alertas de desmatamento da Amazônia voltaram a subir no mês de outubro. A região perdeu 836,23 km² até o dia 30, alta de 50,6% em relação aos alertas feitos neste mesmo mês no ano passado, de 555,26 km², de acordo com dados do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). É o maior valor para o mês da série histórica, iniciada em 2015.

O dado foi atualizado nesta sexta, 6, no site Terrabrasilis, do Inpe, em meio à viagem do vice-presidente Hamilton Mourão com embaixadores de vários países para a Amazônia em uma tentativa de melhorar a imagem externa sobre a ação federal na região.


Além da alta no desmatamento, outubro também teve o maior número de queimadas dos últimos cinco anos. Foram 17.326 focos no mês passado, ante 7.855 em outubro de 2019. Foi uma alta de 120%, mas vale a ressalva de que outubro do ano passado teve o menor valor do registro histórico.

Mourão, que lidera o Conselho da Amazônia, criado para combater os crimes ambientais na região, vinha destacando as quedas observadas em julho, agosto e setembro deste ano -- em comparação com os valores desses meses no ano passado --, como uma inversão da curva de alta até então. Esse seria, para o vice-presidente, um resultado da Operação Verde Brasil 2, que está na região desde maio.

Os primeiros meses da operação ainda tinham apresentado alta nos alertas. A devastação da floresta entrou em ritmo acelerado em maio do ano passado. Por 14 meses seguidos, os valores registrados foram superiores aos observados nos mesmos meses do ano anterior. Em sete deles, o valor foi o mais alto da série histórica.

Em julho deste ano houve a primeira queda, mas o mês ainda apresentou o segundo maior número de alertas do Deter em cinco anos. O mesmo vale para agosto e setembro. Nesses meses, no ano passado, o desmatamento tinha alcançado números muito superiores ao que vinha se observando desde 2015.

Em julho deste ano, por exemplo, a perda foi de 1.654,32 km², ante 2.255,33 km² em julho de 2019. Em julho de 2016, foi de 739,46 km²; em 2017, 457,53 km², e em 2018, 596,27 km².

Em agosto deste ano, houve alertas de desmatamento de 1.358,78 km², ante 1.714,31 km² em 2019. Mas em 2015, 2016, 2017 e 2018, os números para agosto foram também tinham sido muito menores. Respectivamente: 592,04 km²; 1.024,95 km²; 277,62 km²; 525,9 km²

Na visão de especialistas em Amazônia, as quedas recentes ainda não são motivo para comemoração e indicam pouca efetividade da ação dos militares na região. Nesta quinta, 5, a Operação Verde Brasil 2 foi ampliada até abril de 2021.

No agregado do ano a queda é pouco significativa. Desde 1º de janeiro até 30 de outubro, o Deter indicou a devastação de 7.899 km². No mesmo período do ano passado, a perda foi de 8.425 km², uma redução de apenas 6%. O maior valor dos últimos anos para esse período até então tinha sido em 2016: 5.648 km².

Na quinta, 5, durante a viagem com os embaixadores, Mourão eximiu o governo da responsabilidade. “Chega um momento em que o caldo entorna. E o caldo entornou no nosso momento. Os problemas não aconteceram desde 1º de janeiro”, disse em relação ao aumento do desmatamento e das queimadas na Amazônia.

“Acabar com a destruição da floresta, a perseguição e mortes dos seus guardiões e as consequentes repercussões internacionais da política antiambiental adotada por este governo, exigirá mais do que tentar enganar embaixadores com um sobrevoo", disse Rômulo Batista, porta-voz de Amazônia do Greenpeace Brasil, em nota à imprensa.

"Deve, como proposto pelo Greenpeace e mais 61 organizações, começar por uma moratória de 5 anos do desmatamento da amazônia; a elaboração de um plano de prevenção e combate ao desmatamento e queimadas; a retomada da criação de Unidades de Conservação e reconhecimento dos territórios tradicionais indígenas e quilombolas; a reestruturação dos órgãos de comando e controle; e a aplicação de punições jurídicas maiores aos crimes ambientais, em especial o desmatamento e queimadas”, complementou.

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